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Terceira onda ‘será violenta’ e poderá se espalhar pelo interior de São Paulo, alerta Edinho Silva

Apesar da iminência de uma terceira onda da covid, Bolsonaro ignora ameaça, provoca aglomeração no Maranhão e ataca governador Flávio Dino

Divulgação/Twitter
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Edinho Silva adotou rigoroso lockdown de 21 de fevereiro a 2 de março

São Paulo – O prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), vem manifestando preocupação com uma terceira onda da covid-19. Segundo sua avaliação, ela “será violenta” e poderá atingir todo o interior do estado de São Paulo. “Nós temos que aumentar os nossos cuidados e o rigor”, diz. Segundo Edinho, a administração municipal da cidade ampliou equipes de testagem e adotou outras medidas de prevenção.

No início do ano, após identificar a circulação da variante P1 do coronavírus em Araraquara, o prefeito adotou rigoroso lockdown entre 21 de fevereiro e 2 de março. Isso provocou reações hostis de adversários e bolsonaristas. Mas, como resultado, todas as estatísticas da covid-19 despencaram no município (leia aqui).

Agora, para deter essa nova onda, Edinho já determinou que as atividades econômicas serão novamente paralisadas. Isso se a taxa de contaminação chegar a 30% nos exames realizados por três dias seguidos, cinco dias alternados, ou se atingirem 20% os testes gerais feitos no município. A ocupação de UTIs de hospitais da cidade chegou a 94% e o número de casos vem aumentando. Por isso, o prefeito de Araraquara apela para que a população respeite os protocolos de distanciamento social, uso de máscaras e demais medidas de prevenção. Na quinta-feira (20), as cidades de Bebedouro, Batatais e Franca decretaram lockdown até o fim de maio e primeira semana de junho.

A cepa indiana e a terceira onda

O Brasil registrou na quarta-feira (19) o primeiro caso de contaminação pela B.1.617, a cepa indiana. Um homem de 54 anos – tripulante do navio Shandong da Zhi, que transporta minério de ferro para a Vale – está internado em São Luís do Maranhão com a variante do vírus. Outros cinco membros da tripulação estariam contaminados. A embarcação partiu da Malásia no dia 27 de março e passou pela Cidade do Cabo, na África do Sul. Cem pessoas que tiveram contato com os contaminados estão sendo monitoradas e cepa indiana é encarada com grande preocupação por especialistas.

Em entrevista ao portal UOL, o neurocientista Miguel Nicolelis afirmou que “a grande preocupação era evitar que essa variante chegasse ao Brasil porque tem causado um estrago tremendo na Índia”. “No Reino Unido está causando problemas sérios e não temos todas as informações das consequências que ela pode causar se se espalhar por aqui”, acrescentou.

Apesar da ameaça da nova cepa, o presidente Jair Bolsonaro continua desrespeitando protocolos científicos e adversários que os adotam. Em evento nesta sexta-feira em Açailândia, no Maranhão, sem máscara e promovendo aglomeração, ele ignorou as informações preocupantes sobre a nova variante e atacou o governador Flávio Dino (PCdoB). “Dizer a todos do Maranhão que perderam seus empregos, não foi obra do governo federal. Quem fechou o comércio, obrigou vocês a ficarem em casa e destruíram milhares de empregos foi o governador do seu estado”, disse a seus seguidores.


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“Lá na Coreia do Sul (na verdade, do Norte) tem uma ditadura, o ditador não é um gordinho? Na Venezuela, também uma ditadura, não é um gordinho lá o ditador? E quem é o gordinho ditador aqui do Maranhão?”, afirmou. O governador maranhense respondeu no Twitter. “Bolsonaro anda preocupado com o meu peso, algo bem estranho e dispensável. Tenho ótima saúde física e mental. E estou ocupado com vacinas, pessoas doentes, medidas sociais, coisas sérias”, escreveu. “Não tenho tempo para molecagens, cercadinhos e passeios com dinheiro público.”