Faltam vacinas

Sputnik V: Wellington Dias apela a senadores por mediação junto à Anvisa

Falando em nome dos 27 governadores e de prefeitos, governador quer mais diálogo com a agência reguladora sobre a liberação de importação da vacina russa

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Ao contrário do que diz a Anvisa, nenhum adenovírus competente para replicação foi encontrado na Sputnik V, afirmam os russos

São Paulo – O governador do Piauí Wellington Dias (PT) apelou a senadores a mediação junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para mais entendimentos que levem à liberação da importação da vacina Sputnik V. O petista falou em nome do Fórum de Governadores e também de prefeitos em audiência pública promovida hoje (7) pela Comissão Temporária da Covid-19 no Senado. Além de senadores, participaram representantes da Anvisa e da União Quimica, farmacêutica nacional que aguarda liberação para iniciar produção do imunizantes.

“O apelo que faço aqui é que essa comissão faça uma mediação com a Anvisa. Nós assumimos a responsabilidade no monitoramento, no acompanhamento pós vacina. Precisamos de mais vacina porque é isso que imuniza e nos permite uma saída mais segura (da crise), disse o petista. “Nós, as 27 unidades da federação, traçamos um plano e o fato é que o plano furou. E quando fura, tem efeitos. No caso do Brasil uma tragédia.”

Em outubro, governadores e prefeitos aprovaram, por unanimidade, um plano estratégico que previa a vacinação, até abril, de todas as pessoas do grupo prioritário. No entanto, já é maio e apenas 16% desse contingente recebeu as duas doses da vacina.

Agenda com Anvisa

Essa agenda foi levada ao Ministério da Saúde, sob a gestão do então ministro Eduardo Pazuello. Na ocasião, havia a presença de representantes da Anvisa, Butantan, Fiocruz, Academia Brasileira de Ciências, Senado e da Câmara.

“Olhando para o que acontecia no mundo e no Brasil, esse plano recomendava agilidade na compra de vacinas para que o país pudesse imunizar mais cedo e sair mais cedo dessa crise. E o que mais falta no Brasil é vacina”, disse Wellington.

Ele chamou atenção para a unanimidade do país em relação ao tema, que chegou ao Congresso Nacional, onde foi aprovada lei nesse sentido que acabou vetada por Jair Bolsonaro. Novo diálogo foi estabelecido entre o Executivo e o Legislação, culminando na Lei 14.124, que entre outras coisas estabelece medidas excepcionais para a aquisição de vacinas e de insumos e à contratação de todos os serviços destinados à vacinação contra a covid-19.

Em seu artigo 16, a lei estabele que a Anvisa dará parecer sobre a autorização excepcional e temporária para a importação e a distribuição e a autorização para uso emergencial de quaisquer vacinas e medicamentos contra a covid-19 que tenham sido registrados ou autorizados para uso emergencial por, no mínimo, uma das 11 agências internacionais, entre elas o Ministério da Saúde da Federação Russa – onde não existe agência reguladora.

16 mil páginas sobre a Sputnik V

A lei, como lembrou o governador, estabelece regras para a urgência na compra de vacinas. “Em nenhum país do mundo estão sendo usadas leis normais para vacinas. Todas estão sendo aprovadas de forma emergencial, excepcional, por conta da guerra mundial contra o coronavírus. É isso que esperamos no Brasil. E que a vontade do povo, da federação, possa ser respeitada.”

Segundo afirmou, foram entregues cerca de 16 mil páginas sobre a qualidade, segurança e eficácia da vacina russa. A documentação foi examinada pelo comitê científico do Consórcio Nordeste, que a exemplo de especialistas de outros países, não viram a possibilidade do vírus na vacina se replicar no organismo após a sua aplicação.

“Isso causou um mal estar internacional. Eu tive de ir com meus colegas governadores agora à embaixada da Rússia para não perder o contrato de uma vacina que está em uso em 64 países nesse instante, em uma situação delicada. São 64 países usando uma vacina que o vírus depois no corpo humano vai replicar? Conversamos com cientistas respeitados no Brasil, formadores da ciência no Brasil. E eles disseram que essa vacina tem segurança e eficácia após conversar com cientistas do México, Argentina, Hungria, e não apenas do país de origem da vacina.”

Febre e inchaço no braço

Nesses países, conforme Wellington, são relatados como efeitos colaterais a febre e inchaço no braço, no local da aplicação. Não há casos de trombose e nem de doenças graves. “Até pessoas que foram do quadro da Anvisa afirmaram que os requisitos necessários são segurança e eficiência, que ela preenche. Em 26 de março foi entregue essa documentação. No dia 28, mais informações. Nós fomos pessoalmente entregar. Agora dizem que falta relatório técnico que tem de falar de segurança, eficácia e qualidade.”

O relator do pedido de autorização de importação da Sputnik V, Alex Machado Campos, voltou a argumentar a insuficiência das informações. “A Anvisa analisa relatórios técnicos. Como no caso da Coronavac, os dados estão disponíveis nos sites das agências reguladoras”, disse.

E afirmou que foram enviados pedidos de informações a 62 países que aprovaram a compra da Sputnik. No entanto, nem todos responderam, e 23 afirmaram que ainda não estavam aplicando a vacina. Outros tinham aplicado poucas doses, não em massa.

Nova investida no STF

O governador do Maranhão, Flávio Dino, anunciou nesta sexta-feira (7), durante sua entrevista coletiva semanal, que entrou com nova petição no STF, desta vez cobrando celeridade da Anvisa na avaliação de novos documentos técnicos sobre a Sputnik já encaminhados.

“Como a Anvisa não marcou data, entramos com novo pedido no Supremo para que a Anvisa marque uma data no prazo de sete dias úteis, que é o prazo da lei, para que diga sim ou não. Nós não estamos pedindo ao Supremo que ele imponha como a Anvisa vai decidir. O que nós queremos saber se é um caso de adenovírus replicante ou se é um vírus político implicante”, disse o governador.

“Apontamos que o órgão CNTBio já havia sugerido a aprovação da vacina Sputnik, nós recebemos novos documentos do Instituto Gamaleia, lembramos que a vacina está sendo aplicada na Argentina, e não há nenhum relato de problemas, anexamos também um parecer técnico do Professor Doutor Amilcar Tanuri, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, dizendo que a vacina Sputnik tem um perfil de segurança e eficácia muito bons provadas por testes clínicos e em avaliação de campo após vacinação em massa em vários países”, acrescentou.

Redação: Cida de Oliveira


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