Vacina

Governadores do Nordeste estranham decisão sobre a Sputnik e organizam reação

Wellington Dias, presidente do Consórcio Nordeste, Flávio Dino e Camilo Santana afirmam não entender não liberação pela Anvisa e discutem próximos passos

Twitter/CamiloSantanaCE
Twitter/CamiloSantanaCE
Governadores do Nordeste em reunião após a negativa da Anvisa para a Sputnik

São Paulo – Logo após a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que vetou a importação da vacina Sputnik, governadores do Nordeste manifestaram estranheza e iniciaram uma reação. Wellington Dias (PT), do Piauí, presidente do Consórcio Nordeste, anunciou conversa com os responsáveis pelo desenvolvimento do imunizante para contrapor os argumentos da agência brasileira. Já Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, sugeriu que pode levar o caso novamente ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“A vacina é feita pelo maior e mais antigo centro de pesquisa do planeta, o Instituto Gamaleya. Foi aprovada pelas agências de 16 países, entre eles a Rússia, a Argentina e o México. Está sendo aplicada em mais de 60 países e a OMS deve incorporá-la ao consórcio mundial de vacinas. Mas a Anvisa diz que ela é extremamente arriscada. Alguém está mentindo”, disse Wellington Dias, segundo o jornal Folha de S.Paulo.

Ele foi além e afirmou que, diante da decisão, o Brasil deveria disparar um alerta a todo o planeta para avisar sobre os riscos para a humanidade que a Sputnik representaria. Wellington Dias acrescentou que o Consórcio Nordeste encaminhou os argumentos da Anvisa ao fundo soberano que financiou o desenvolvimento da Sputnik.

Reunião e STF

Camilo Santana (PT), do Ceará, foi mais comedido, mas também demonstrou incompreensão. “Embora respeite a decisão da Anvisa de veto ao uso emergencial da Sputinik V neste momento, não posso deixar de expressar minha decepção e estranheza, pelo fato da mesma vacina já ser usada em muitos países, e com eficácia demonstrada”, disse, em sua conta oficial no Twitter. “Principalmente diante da lentidão do Governo Federal no repasse de vacinas aos estados. O que não aceitarei jamais é que haja qualquer tipo de politização desse processo. Isso é absolutamente inaceitável.”

Flávio Dino comentou, também via Twitter, que iria “aguardar manifestação técnica de cientistas brasileiros e russos”. Posteriormente, indicou que faria uma reunião com governadores da Amazônia e do Nordeste para avaliar fundamentos técnicos, que, segundo ele, deverão ser apresentados ao STF e à própria Anvisa. Pouco depois, no final da manhã, anunciou que estava em reunião dos governadores com o Fundo Soberano da Rússia sobre a vacina Sputnik. “Eles fornecerão mais relatórios e documentos técnicos para possibilitar revisão administrativa ou judicial da decisão da Anvisa.”

“Não acreditam no Estado russo”

O diretor do fundo que financiou a vacina, Kirill Dmitriev, também reagiu à negativa. Acusou a agência de ação política para não deixar a Sputnik entrar no Brasil, segundo a Folha de S.Paulo. “Não acreditam no Estado russo. Nosso ensaio clínico foi feito em cinco países, incluindo a Índia. Algumas vacinas aprovadas no Brasil não receberam esse selo no mundo”, disse, em entrevista coletiva nesta terça. “Isso faz parte da política. O que ela (Anvisa) vem pedindo de documentação para nós é bem maior e diferente do que ela pede para outros órgãos reguladores e produtores de vacinas.”


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