Semana de luta

‘Vacina salva, Bolsonaro não’: protestos marcam o Dia Mundial da Saúde

Considerado o Dia Mundial da Saúde ‘mais triste da história’, sindicatos, movimentos e profissionais defendem o impeachment de Bolsonaro como “urgência sanitária” e o fortalecimento do SUS para o enfrentamento da pandemia

CNS/Reprodução
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"As atividades pretendem mobilizar toda a sociedade e reafirmar a saúde como direito", destaca o presidente do CNS, Fernando Pigatto

São Paulo – Neste Dia Mundial da Saúde (7), movimentos sociais, sindicatos e profissionais da área organizaram protestos em pelo menos 12 estados contra a inoperância do governo de Jair Bolsonaro à frente da pandemia. Com atos simbólicos, tuitaço e mais de 50 manifestações presenciais, as mobilizações também reforçaram que a saída da crise sanitária depende do fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e cobraram um plano de vacinação pública, gratuita e em massa contra a covid-19. 

Considerado o Dia Mundial da Saúde “mais triste da história“, a data é lembrada pelo luto diante das 337 mil vidas perdidas desde o início da pandemia, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), em boletim da terça-feira (6). Assim como pela derrota sofrida pelo SUS às vésperas da celebração, quando foi aprovado nesta terça-feira (6) o chamado “camarote da vacina”. O projeto, que ainda passará por aprovação pelo Senado, permitirá a vacinação privada, com empresários e quem lhes interessar sendo imunizados antes dos grupos prioritários. 

Os atos públicos de hoje também denunciaram o sistema de saúde em colapso, com a ausência de leitos e medicamentos, além da exaustão dos profissionais das linhas de frente. Na avenida Paulista, na cidade de São Paulo, por volta das 11h, manifestantes ocuparam as faixas de pedestres em frente ao Masp. Com máscara e respeitando o distanciamento, exibiram faixas e cartazes reivindicando contratações e melhoras das condições de trabalho, reconhecimento e dignidade aos profissionais. Também lembraram a urgência de um auxílio emergencial justo para as populações vulneráveis.

Felipe Simoni
Manifestantes cobraram contratações e condições de trabalho, auxílio emergencial justo e reconhecimento dos profissionais da linha de frente / Foto: Felipe Simoni

“Projeto político de Bolsonaro é a morte”

Na mobilização de São Paulo, a Central de Movimentos Populares (CMP), bradou por “fora Bolsonaro! E fora projeto político da morte do povo brasileiro!”. Ainda durante a manhã, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) também realizou ação simbólica em frente ao Hospital Municipal Menino Jesus, em Ermelino Matarazzo, na zona leste da capital paulista. 

O MTST contesta que a unidade de saúde esteja fechada no momento em que a taxa de ocupação de leitos de UTI na cidade é 89,8%, segundo o Sistema de Monitoramento Inteligente (Simi) do governo de São Paulo. “A abertura do hospital, que já existe, não é cogitada, mas a possibilidade de construir um cemitério vertical com capacidade para 26 mil urnas na mesma zona leste sim, está sendo avaliada”, critica o movimento. 

Também na capital paulista, outros protestos – no Hospital Grajaú, na zona sul, e em frente à Catedral da Sé, região central –, em defesa do SUS, por mais vacinas e auxílio emergencial.

Atos simbólicos

Em Minas Gerais, militantes da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo também ocuparam a área interna do Hospital Regional, em Governador Valadares, para cobrar a abertura imediata do equipamento.  Na cidade, que soma 791 mortes em decorrência da covid, a taxa de ocupação dos leitos em hospitais públicos e particulares já é de 100%. Por sua vez, profissionais da saúde de Belo Horizonte também foram às ruas para denunciar a situação da crise sanitária na capital. A manifestação foi organizada pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sindibel). 

Em outro ato simbólico, A CUT Pernambuco, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e a Campanha Fora Bolsonaro também fixaram cruzes na praça Oswaldo Cruz, em Recife, em memória das vítimas da covid. Nas ruas de Porto Velho, capital de Rondônia, um carro de som circulou para alertar a população sobre a importância do serviço público e da vacinação imediata. 

Também ocorreram atos em Florianópolis, Porto Alegre, João Pessoa, Teresina, Aracajú e Rio de Janeiro. A jornada de luta e luto pelo Dia Mundial da Saúde motivou ainda um protesto em frente ao Congresso Nacional, em Brasília. Com jalecos e balões, os manifestantes estenderam o símbolo do SUS sobre o gramado. O protesto foi convocado pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), o Conselho de Saúde do Distrito Federal e os sindicatos dos Odontologistas e Enfermeiros do DF. De acordo com os organizadores o intuito da ação é ressaltar que ao defender a saúde pública, a vida de todas as pessoas também estão sendo defendidas. 

Garantia de direitos

“As atividades pretendem mobilizar toda a sociedade e reafirmar a saúde como direito. Queremos a vacinação pelo sistema público de saúde para toda a população, orçamento adequado para o SUS, auxílio emergencial de no mínimo R$ 600, valorização dos profissionais de saúde e garantia de direitos para nosso povo”, frisou o presidente do CNS, Fernando Pigatto.

(CNS/Reprodução)

Em ações simultâneas, as entidades de saúde coletiva também realizaram lives para dialogar com a população sobre o cenário nefasto da pandemia no Brasil. Destaque para o Programa Brasil Popular, do canal da TV 247 no Youtube, sobre os desafios do SUS em meio à crise sanitária. Também o canal Ágora Abrascom discutindo sobre a saúde no Brasil. Mais tarde, a partir das 19h, a CUT Brasil também debate a proteção de empregos na pandemia. 

Com as hashtags #VacinaSalvaBolsonaroNão, #VivaOSuS e #VacinaJá, internautas também protestaram pelas redes sociais.

Confira algumas manifestações

(*) Com informações do Brasil de Fato


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