Novos riscos

Mortes de jovens de 20 a 29 anos por covid-19 subiram 1.081% este ano

Fiocruz alerta para o rejuvenescimento da pandemia e a importância do aumento da oferta de emprego e renda para evitar que impactos sociais da covid-19 se prolonguem

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
Cresce de forma preocupante o número de infectados e mortos por covid-19 entre faixas etárias mais jovens da população

São Paulo – Aumentou em 1.081,82% o número de mortes de jovens entre 20 e 29 anos causadas pelo novo coronavírus em 2021. O dado consta do mais recente boletim do Observatório Fiocruz Covid-19. O levantamento compara a semana epidemiológica (SE) 1, de 3 a 9 de janeiro, com a semana epidemiológica 14, de 4 a 10 deste mês. Na faixa de 40 a 49 anos houve o maior crescimento do número de casos: 1.173,75%. Diante disso, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta: a pandemia está rejuvenescendo.

Os grupos de 40 a 49 anos também tiveram grande alta no número de mortes, com 933,33%. Entre 50 e 59 anos, a alta ficou em 845,21% e de 30 a 39 anos, e 818,60%. Dos 60 aos 69 anos, o índice foi de 571,52%.

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“O acometimento de casos graves, mesmo em populações mais jovens, mantém a pressão sobre serviços hospitalares, já sobrecarregados pela demanda de internação das semanas anteriores. Os recursos hospitalares, de insumos e de profissionais de saúde, se encontram em nível crítico, o que pode causar um aumento da desassistência de saúde, comprometendo, inclusive, o atendimento de outras doenças”, avalia a Fiocruz.

Entre 30 e 39 anos, o número de casos subiu 1.103,49% este ano. Depois vem o grupo de 50 a 59 anos, com 1.082,69%; os de 60 a 69 anos com 747,65% e os mais jovens, de 20 a 29 anos com alta de 745,67%.

Leitos ocupados e Srag em alta

As taxas de ocupação de leitos de UTI para adultos no SUS, em diversos estados, se mantêm, em geral, em níveis muito elevados, relata o boletim da Fiocruz. “Dados obtidos em 19 de abril, em comparação aos do último dia 12, indicam a saída do Amapá de zona de alerta crítico para zona de alerta intermediário, na qual já se encontravam Amazonas, Maranhão e Paraíba. Exceto por Roraima, fora de zona de alerta, os demais estados e o Distrito Federal permaneceram em zona de alerta crítico.” 

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A análise constata, ainda, as incidências de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (Srag), outro indicador estratégico. Apesar de estarem em estabilidade em alguns estados ou em redução, os níveis são considerados ainda muito altos. Cerca de 90% dos casos de Srag são devido a infecções por Sars-CoV-2. Dezenove estados e o Distrito Federal apresentam taxas de incidência muito elevadas, acima de 10 casos por 100 mil habitantes: Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Goiás. Os pesquisadores alertam que “estabilidades em níveis elevados não são desejáveis porque os leitos hospitalares ainda permanecem com ocupação alta”.

Renda no combate à pandemia

A Fiocruz aborda em seu boletim outro “tema fundamental para mitigar as consequências da pandemia”: a renda e o trabalho durante a pandemia. E ressalta “a importância de um plano nacional de recuperação econômica como uma das formas de enfrentamento dos determinantes sociais da saúde, de modo a incluir o aumento da oferta de emprego e renda no médio e longo prazo, evitando que os impactos sociais da covid-19 se prolonguem por anos após o seu término”.

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Os pesquisadores se baseiam em dados do IBGE para mostrar que desde abril de 2020 a maioria das pessoas com 14 anos ou mais não tem uma ocupação no mercado de trabalho. Fato inédito na história estatística do país. 

Os pesquisadores também destacam que mesmo com o auxílio emergencial persiste a elevada proporção de insegurança alimentar moderada/grave no Brasil. Além disso, o excesso de mortalidade entre os empregados formais que não puderam ficar em casa em nenhum momento, como frentistas, caixas de supermercado, motoristas de ônibus, vigilantes e terceirizados que monitoram a temperatura das pessoas em lojas.

“Esses dados apontam que além do auxílio emergencial, importante medida para aliviar o agravamento dos impactos da pandemia para os mais vulneráveis, qualquer plano nacional de recuperação econômica deverá necessariamente aumentar a oferta de emprego e renda no médio e longo prazo”, reforça o boletim. “As transferências do auxílio emergencial frearam um pouco as perdas, elevaram em mais de R$ 130 a média nos meses de maio a setembro. Porém, sua força esmoreceu de outubro em diante, quando os valores dos benefícios caíram pela metade.”


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