Proteção

Máscaras não causam problemas a crianças, e treinar o uso é importante para acostumar

Escolha de máscaras para crianças deve priorizar adaptação e vedação. E pode usar tranquilamente, elas não causam nenhum mal aos pequenos

Marcio James / Semcom
Marcio James / Semcom
"É necessário cautela e acompanhamento do impacto das medidas de flexibilização"

São Paulo – Em meio à pandemia de covid-19, uma orientação que ficou bagunçada foi sobre o uso de máscaras por crianças. Deve usar? Não precisa? É perigoso? Pode causar problemas? Em primeiro lugar, destaca-se: a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Centro para o Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) recomendam o uso de máscaras por crianças a partir de 2 anos, sempre com a supervisão dos pais ou responsáveis. E, para garantir o melhor uso e proteção, é importante treinar em casa antes de usar em eventuais saídas.


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Embora as crianças sejam menos afetadas pela covid-19, elas podem transmitir a doença para seus pais, avós, tios e outros familiares. Além disso, uma pequena parcela das crianças infectadas pode desenvolver a Síndrome Inflamatória Multissistemica Pediátrica (SIM-P). Trata-se de uma condição inflamatória rara, grave, com amplo espectro de sinais e sintomas, que afeta os vasos sanguíneos (veias e artérias) de crianças e adolescentes. Em toda a pandemia, o Brasil registrou 736 casos e 46 mortes por SIM-P. Por isso, o uso de máscaras em crianças não pode ser descartado.

Mentira presidencial

No final de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro mentiu mais uma vez sobre riscos do uso de máscaras, dessa vez por crianças. Dizendo ter tido acesso a um estudo – que na verdade era uma enquete de um site sem nenhum rigor científico –, Bolsonaro afirmou que “as máscaras de proteção contra a covid-19 são prejudiciais para crianças”. Na verdade, o site apenas estava compilando relatos de pais sobre o uso de máscaras em crianças, cujos problemas apontados podem ter diversos fatores.


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Por exemplo, dores de cabeça são citadas como exemplo de problema do uso de máscaras em crianças. No entanto, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já apontou que isso ocorre por mal ajuste do item de proteção, que acaba ficando muito apertado e realmente causando a dor de cabeça. Mas não é um problema da máscara e, sim, de ajuste.

A Academia Americana de Pediatria garante que a utilização de máscaras em crianças contra a covid-19 é segura e eficaz a partir dos 2 anos de idade. E não causam qualquer problema de aprendizagem, bem como não interferem no desenvolvimento pulmonar, nem levam ao acúmulo de dióxido de carbono no sangue e tampouco enfraquecem o sistema imunológico.

Em entrevista ao site bebê.com.br, o pediatra e infectologista Marcus Martuchelli, destacou que estes supostos problemas no uso de máscaras por crianças não estão comprovados por estudos médicos. “Assim como em adultos, é esperado que adolescentes e crianças não se sintam confortáveis com máscaras – e uma pequena parcela demonstre sintomas como irratibilidade ao usá-las”, explicou. No entanto, ele ressalta que o uso de máscaras adequadas, confortáveis e bem ajustadas, melhora a aceitação dos pequenos.

Com que máscaras as crianças vão?

Em primeiro lugar, é importante buscar máscaras para crianças com boa proteção, como destaca o perfil Qual Máscara?, que traz dicas sobre o uso do item de proteção. As de tecido com três camadas são boas opções para atividades ao ar livre ou locais bem ventilados. Se a criança se adaptar bem, uma máscara cirúrgica pode ser colocada por baixo, sem problemas. É importante que a máscara esteja bem ajustada no rosto e que seja presa na cabeça e não nas orelhas.


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As máscaras do tipo PFF2 ou N95 se ajustam bem em crianças a partir de 5 anos, em média. Prefira o tipo concha, que evita o contato com a boca e o nariz e não fica saindo do lugar, melhorando a adesão dos pequenos, pois dá maior liberdade para brincar. Esse é o melhor tipo de máscara a ser usado e, portanto, deve ser o modelo adotado caso seja preciso levar a criança a locais fechados, com aglomeração ou de maior risco de contágio – como um pronto socorro. Já há empresas fabricando máscaras desse tipo voltadas especialmente para crianças.

Orientações

Outra dica importante é deixar a criança usar a máscara em casa, no dia a dia, antes de uma saída efetiva. Dessa forma, ela vai se acostumando com o item de proteção e também pode apontar eventuais problemas a serem corrigidos. Quando for testar a máscara na criança, leve em conta o conforto dela. Quanto mais ajustada a ela, maior será a adesão dos pequenos.

Além disso, é importante explicar e repetir as condutas de uso da máscara várias vezes para a criança antes de usar em um saída. Orientações sobre não tocar na parte da frente, retirar pelas alças, não passar a língua e pedir ajuda quando sentir que ela saiu do lugar são fundamentais e devem ser repetidas sempre.


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