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Doria prorroga e ‘amarela’ fase de transição da quarentena

Embora seja parte da fase vermelha, fase de transição de Doria libera todos os setores de comércio e serviços, das 6h às 20h, sem controle de lotação

Governo de SP
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Doria já não consegue esconder que a vida dos trabalhadores vale menos que os negócios em São Paulo

São Paulo – O governador paulista, João Doria (PSDB), prorrogou hoje (28) a fase de transição da quarentena em todo o estado de São Paulo, mas alterou mais uma vez as regras, tornando-a tão branda quanto as fases amarela e verde do Plano São Paulo. Embora seja uma alternância entre a fase vermelha e a laranja, a fase de transição agora libera todos os setores de comércio e serviços, no período das 6h às 20h, sem limite de horas por dia e sem controle efetivo do limite de lotação. O limite de 25% é apenas uma recomendação e não existe qualquer punição prevista, no decreto 65.635/2021, a quem desrespeitar esse limite. Até mesmo o toque de recolher, mantido da fase emergencial, perdeu o sentido já que as atividades podem funcionar até às 20h.

Expondo a contradição do governo Doria, de uma fase de transição para reabrir todo o comércio e os serviços, ao mesmo tempo em que diz que a situação da pandemia ainda é grave, o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, Paulo Menezes, disse que “a retomada das atividades é importante, mas não é um convite para as pessoas irem às ruas”.

Afrouxamento

A partir de sábado (1º), a nova fase de transição do governo Doria permite que todos os setores funcionem das 6h às 20h. Não haverá limite de horas de funcionamento por dia. E o limite de 25% de lotação consta apenas como uma recomendação, não havendo qualquer impedimento legal ou punição prevista aos comércios ou serviços que permitirem uma ocupação maior dos espaços.

O “toque de recolher” continua valendo das 20h até as 5h, mas coincidirá com a volta para casa de milhares de trabalhadores. Para comparação, na fase amarela, os serviços podem funcionar, no máximo, por 10 horas diárias, com limite de ocupação de 40%.

Parques, templos religiosos e escolas seguem funcionando nas mesmas regras. Os parques podem abrir das 6h às 18h. Templos religiosos podem receber 30% dos fiéis para celebrações presenciais. E escolas podem receber até 35% dos estudantes por turno, mas a presença é opcional aos alunos. Também segue valendo as recomendações de escalonamento de horário de entrada e saída e serviços administrativos serem realizados remotamente.

O afrouxamento ainda maior das regras da fase de transição da quarentena é uma resposta de Doria à pressão de empresários que dizem que não vão mais aceitar que o governo paulista aplique a fase vermelha da quarentena. Foi anunciada, inclusive, uma revisão do Plano São Paulo, com o objetivo de garantir maior abertura de comércios e serviços, caso a situação piore novamente.

Nas últimas semanas, um grupo de 50 associações empresariais publicaram manifestos em vários veículos de comunicação dizendo que não aceitam novos fechamentos. No sábado, 24, o coordenador-executivo do Centro de Contingência, João Gabbardo, disse que esperava “que essa tenha sido a última vez que São Paulo tenha que ficar totalmente na fase vermelha”.

Genocídio tucano

Ontem, o estado de São Paulo atingiu uma marca macabra, registrando mais mortes pela covid-19 em menos de quatro meses de 2021 do que em todo o período da pandemia no ano passado. Com 1.044 óbitos registrados nesta segunda-feira, o estado chegou a 93.842 vítimas da covid-19.

Desses, 46.775 ocorreram entre 12 de março – data da primeira morte pela covid-19 no Brasil – e 31 de dezembro de 2020, média de 159,09 por dia. E 47.067 ocorreram entre 1º de janeiro e 26 de abril deste ano, média de 405 por dia. Os números contradizem o discurso do governo Doria, de que a pandemia está controlada e que é possível reabrir o comércio e os serviços com segurança.

Abril também já é o mês com o maior número de mortes de toda a pandemia, em São Paulo. Até esta terça-feira (27), foram registradas 19.128 mortes por covid-19. Proporcionalmente, a mortalidade no estado é maior do que a população, em relação ao país. Os paulistas representam 21% da população brasileira, mas o estado contabiliza 24% de todas mortes causadas pelo novo coronavírus no Brasil.

Como expôs o próprio Menezes, no início de janeiro, quando São Paulo ainda estava na fase amarela, eram registrados 200 novos casos e 50 novas internações por 100 mil habitantes. Hoje, são 400 novos casos e 74 novas internações por 100 mil habitantes. Ou seja, a situação é muito mais grave.

Perigo no ar

Depois de chegar a registrar 3.598 internações em um único dia, a média de internações diárias vem caindo. No entanto, segue em níveis muito superiores aos registrados no ano passado, com a média atual sendo de 2.230 internações diariamente.

Mais de 80% das unidades de terapia intensiva (UTI) para pacientes com covid-19 seguem ocupadas em todo o estado. São 22.112 pacientes internados, sendo 10.426 em unidades de terapia intensiva e 11.686 em enfermarias, o que representa uma ligeira alta de 0,33% nas internações, a primeira em 20 dias.

Das 17 regiões do estado, três ainda têm mais de 90% de ocupação de UTIs para pacientes com covid-19: Araraquara, Marília e Presidente Prudente. Outras dez regiões estão com mais de 80% de ocupação: Araçatuba, Barretos, Bauru, Franca, Registro, Ribeirão Preto, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, Sorocaba e Taubaté.

Apenas quatro regiões tiveram uma maior redução nas internações e chegaram a menos de 80% na ocupação de UTI: Baixada Santista, Grande São Paulo, Campinas e Piracicaba. Mas todas mantêm altos índices de novos casos, internações e mortes.


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