Genocídio

Com 14,2 milhões de casos de covid e 386 mil mortes, Bolsonaro corta bilhões da Saúde

São Paulo, com quase 900 mortes em 24h, reabre salões de beleza, academias, clubes, parques, cinemas e convenções a partir deste sábado

Brenda Alcântara / Oxfam Brasil
Brenda Alcântara / Oxfam Brasil
Continente africano, por exemplo, vacinou totalmente apenas 5% de sua população. Essa média fora da África é de 40%

São Paulo – O Brasil chegou hoje (23) a 2.914 mortes por covid-19 em um período de 24 horas. Já são 386.416 as vítimas da pandemia do novo coronavírus e do descaso do governo federal, desde o início da pandemia. Apesar de o Brasil se manter entre os países mais fracassados no combate à covid-19, o governo de Jair Bolsonaro reduziu de R$ 524 bilhões para R$ 103 bilhões a previsão de gastos extraordinários contra os efeitos da pandemia. “Os valores foram confirmados nesta sexta-feira (23) pelo secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, durante entrevista no Palácio do Planalto sobre o Orçamento de 2021”, informa o jornal O Globo.

Aprovado com vetos por Bolsonaro na data limite (22), o orçamento prevê ainda a retirada de R$ 2,2 bilhões do Ministério da Saúde, comprometendo programas de adequação de sistemas tecnológicos, ações de pesquisa e desenvolvimento, manutenção de serviços laboratoriais, assistência farmacêutica e construções de sedes regionais da Fiocruz.

Enquanto Bolsonaro vetava recursos para o setor, o Brasil viu crescer em 69.105 novos casos os adoecidos pela covid-19 que já atinge 14.237.078 de contaminados em um ano e um mês de pandemia. Os números reais, no entanto, são ainda mais altos, já que o Brasil está entre os países que menos testa sua população.

reprodução
Casos de covid e mortes segundo o Painel Conass

São Paulo se abre para a covid-19

O estado de São Paulo contou 863 mortes por covid-19 no período de 24 horas, com 17.812 novos casos. Mais de 2,8 milhões já adoeceram e 91.673 foram vitimados pela doença no estado que tem cerca de 80% das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) ocupadas. Mesmo assim o governo de João Doria (PSDB) decidiu dar sequência à fase de transição da quarentena. A partir deste sábado, está autorizada a reabertura de salões de beleza, academias, clubes, parques, cinemas e convenções. em todo o estado.

O vice-governador, Rodrigo Garcia, justificou o avanço por uma pequena melhora nos índices de novos casos, internações e mortes pela covid-19, mas em todas as regiões os parâmetros seguem acima do nível máximo estabelecido no Plano São Paulo, que coordena a reabertura do comércio e dos serviços.

Além disso, das 17 regiões do estado, quatro ainda têm mais de 90% de ocupação de UTIs para pacientes com covid-19. Outras nove regiões estão com mais de 80% de ocupação dos leitos de terapia intensiva, o que os mantaria na fase vermelha. Apenas quatro regiões tiveram uma maior redução nas internações e chegaram a índices de fase laranja na ocupação de UTI: Baixada Santista, Grande São Paulo, Campinas e Piracicaba. Mas todas mantêm altos índices de novos casos, internações e mortes.

Pandemia jovem

A Fiocruz alerta para o que chamou de rejuvenescimento da pandemia. Levantamento referente às semanas 14 e 15, período de 4 a 17 de abril, constata que o aumento diferencial por idades se manteve entre os casos e óbitos de covid-19. “A análise aponta que a faixa etária dos mais jovens, de 20 a 29 anos, foi a que registrou maior aumento no número de mortes por covid: 1.081,82%. Nas idades de 40 a 49 anos (1.173,75%) houve o maior crescimento do número de casos.

As taxas de ocupação de leitos de UTI para adultos no SUS, em diversos estados, se mantêm, em geral, em níveis muito elevados, relata o boletim da Fiocruz. “Dados obtidos em 19 de abril, em comparação aos do último dia 12, indicam a saída do Amapá de zona de alerta crítico para zona de alerta intermediário, na qual já se encontravam Amazonas, Maranhão e Paraíba. Exceto por Roraima, fora de zona de alerta, os demais estados e o Distrito Federal permaneceram em zona de alerta crítico.” 

A análise constata, ainda, as incidências de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG), outro indicador estratégico. Apesar de estarem em estabilidade em alguns estados ou em redução, os níveis são considerados ainda muito altos. Cerca de 90% dos casos de SRAG são devido a infecções por Sars-CoV-2. Dezenove estados e o Distrito Federal apresentam taxas de incidência muito elevadas, acima de 10 casos por 100 mil habitantes: Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Goiás. Os pesquisadores alertam que “estabilidades em níveis elevados não são desejáveis porque os leitos hospitalares ainda permanecem com ocupação alta”. 


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