Vacina da gripe

Campanha de vacinação contra gripe começa em 12 de abril

Especialistas alertam que os dois imunizantes, contra a gripe e a covid-19, são essenciais, mas entre uma aplicação e outra da vacina deve ser respeitado o prazo mínimo de 15 dias

Marcello Casal Jr./EBC
Marcello Casal Jr./EBC
Em São Paulo, que conta com 53% da população já vacinada com uma dose, número de pessoas em atraso com a segunda cresceu no último mês

São Paulo – Em paralelo à vacinação contra a covid-19, a partir da próxima segunda-feira (12) o Brasil dá início a 23ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe. De acordo com informe técnico do Ministério da Saúde, o processo de imunização contra o influenza deve se estender até 9 de julho. A prioridade neste primeiro mês será dada às crianças de seis meses a até seis anos de idade, gestantes, puérperas – pessoas que tiveram filho há pouco tempo – indígenas e trabalhadores de saúde. 

A partir de 11 de maio, serão vacinados os idosos com 60 anos ou mais e professores. Já a última etapa da campanha, a ser realizada entre 9 de junho a 9 de julho, contemplará pessoas com comorbidades ou deficiências permanentes, assim como caminhoneiros e trabalhadores do transporte coletivo rodoviário e portuário, membros das forças de segurança e do Exército e funcionários do sistema prisional. A população privada de liberdade e jovens de 12 a 21 anos que cumprem medidas socioeducativas também serão imunizados nesta fase.  

Ao todo, segundo a pasta, espera-se que 79,7 milhões de pessoas sejam vacinadas. Entre os objetivos da imunização está o de impedir que o sistema de saúde seja ainda mais sobrecarregado com a doença. O vírus influenza também pode ser letal ao afetar o sistema respiratório, principalmente com a chegada do outono, quando há queda de temperatura e os casos tendem a aumentar. Apesar disso, a orientação do governo é que, por ora, as vacinas contra a gripe e a covid-19 não sejam aplicadas simultaneamente devido à ausência de estudos.

Intervalo entre uma vacina e outra

O Ministério da Saúde chegou a alterar o calendário da imunização contra a gripe – que geralmente começa com os idosos – para impedir conflito com a campanha contra a doença do novo coronavírus. Atualmente estão sendo priorizados na imunização contra a covid-19 os profissionais de saúde e as pessoas com mais de 60 anos. Mas a expectativa é que a maioria dos idosos esteja devidamente protegida contra o coronavírus até maio e fique liberada para também se resguardar contra o influenza. 

Aqueles que fizerem parte do público-alvo das duas campanhas devem dar prioridade à vacina contra a covid-19, de acordo com a pasta. Após a aplicação, é importante que o paciente agende a vacina contra a gripe para depois de um intervalo mínimo de duas semanas. Isso porque os dois imunizantes são considerados essenciais para impedir complicações respiratórias e proteger toda a comunidade de riscos à saúde.

Na prática, segundo os especialistas consultados pela BBC News Brasil, se uma pessoa tomar a primeira dose da Coronavac, por exemplo, ela deve aguardar de 14 a 28 dias para receber a segunda dose desta vacina. E, só a partir de então, esperar mais 15 dias para ser vacinada contra a gripe.

Outras precauções

O informe da pasta também aponta que pessoas curadas da covid-19 podem se imunizar contra o influenza. Apenas os que estiveram infectados ou com suspeita contaminação pelo coronavírus, no período de imunização, devem aguardar a recuperação clínica, com pelo menos quatro semanas de distância do início dos sintomas, antes de procurar pela vacina contra o vírus da gripe, que é de dose única.

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A vacina da gripe também é fabricada pelo Instituto Butantan. A instituição possui a maior fábrica de vacinas contra o influenza de todo o Hemisfério Sul, o que garante que a preocupação com a falta de vacinas seja quase inexistente, diferentemente da produção de imunizantes contra a covid-19. Contudo, a realização de duas campanhas em massa de vacinação de forma simultânea coloca uma série de desafios para o Brasil. 

Os desafios das campanhas simultâneas

Epidemiologistas alertam os gestores a organizar as filas para evitar aglomerações nos postos de saúde com horários e espaços diferentes. Além disso, como sugerem à BBC News Brasil, as campanhas também demandam logística e uma “boa comunicação” por parte do Ministério da Saúde. Um quesito no qual o Brasil vai mal, segundo as autoridades. 

“Eu não posso dizer que a comunicação está péssima porque isso significaria que existe algo sendo feito. A comunicação é ausente. Não há nenhum tipo de anúncio ou campanha oficial”, critica à reportagem o epidemiologista José Cássio de Moraes, professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. A epidemiologista Carla Domingues, que foi coordenadora do Plano Nacional de Imunizações (PNI) entre 2011 e 2019, concorda com Moraes, destacando que o Brasil “tem visto apenas anúncios sobre compras de vacinas”. 

De acordo com ela, também “é preciso explicar para a população sobre a necessidade de tomar as duas doses, respeitar os intervalos, entre outras coisas. Essa comunicação não está sendo feita”, observa. A epidemiologista conclui à BBC que, apesar da experiência anterior do país nas campanhas de imunização, é necessário se “reinventar”. “Entender o momento que vivemos e estimar o impacto que as notícias falsas e as correntes de WhatsApp podem ter na aceitação das vacinas. Vamos ter que lidar e superar isso”, finaliza.

Redação: Clara Assunção


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