Brasil em colapso

Parlamentares pedem socorro a OMS, ONU e CIDH contra caos da gestão Bolsonaro diante da covid-19

Parlamentares do Psol pedem às entidades internacionais, entre outros, que pressionem Bolsonaro a parar de difundir mentiras sobre a covid

Isac Nóbrega/PR
Isac Nóbrega/PR
"O documento relata a inoperância e descaso do governo federal na gestão da pandemia da Covid -19 no Brasil."

São Paulo – Parlamentares do Psol entraram com denúncia junto à Organização Mundial da Saúde (OMS) contra o governo do presidente Jair Bolsonaro pela condução desastrosa do Brasil ante a pandemia. O documento pede ações em âmbito internacional para socorrer o povo brasileiro. Entre os pedidos, por exemplo, que os órgãos pressionem Bolsonaro a parar de “difundir, por meios oficiais ou pessoais, informações falsas ou manipuladas” sobre a covid. Assinam o documento as deputada federais Sâmia Bomfim (SP), Fernanda Melchionna (RS), Vivi Reis (PA) e o também deputado federal David Miranda (RJ). O pedido é endereçado ao presidente do Conselho Executivo da OMS, Harsh Vardhan, ao vice-presidente do Conselho Executivo da OMS, Ahmed Mohammed Al Saidi, e ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Também receberam a denúncia a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos

A própria OMS considera que a conduta de Bolsonaro no enfrentamento à covid representa um risco para todo o mundo. A gestão errática do bolsonarismo, que rejeita a ciência, leva o país a poucos dias de chegar à triste marca de 300 mil mortos por covid. Trata-se do epicentro global da doença, onde ocorrem mais de 20% das mortes diárias de todo o mundo.

No limite

A mobilização dos parlamentares se soma a outros setores que se mobilizam a gestão Bolsonaro ante a covid e em defesa da vida dos brasileiros. Ontem (21), um grupo de banqueiros e economistas da elite econômica e financeira do país divulgaram carta aberta em que criticam Bolsonaro por negar a gravidade da covid, ridicularizar o uso de máscaras, estimular e promover aglomerações, atacar e divulgar mentiras contra vacinas, entre outras ações únicas em todo o mundo civilizado.

“O documento relata a inoperância e descaso do governo federal na gestão da pandemia da Covid -19 no Brasil. O documento também foi apresentado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) ao Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos (…) Todas e cada uma das medidas profiláticas contra a doença encontram-se sob ataque por parte das autoridades máximas do país, que deveriam aplicá-las, o que tem levado o país a um estado de descontrole da propagação da doença. O Brasil beira o colapso total e é uma verdadeira ameaça sanitária para o mundo”, afirmam os parlamentares em nota.

Confira a íntegra da denúncia:

“Nosso país carece de um organismo central de coordenação, independente do Sr. Bolsonaro, tanto para combater a disseminação do novo coronavírus e suas variantes, bem como para superar todo o desastroso atraso promovido pelo Presidente de nossa República”, destacam os deputados federais.

Os parlamentares solicitam que a OMS expeça recomendações inequívocas direcionadas ao estado brasileiro, com o objetivo de que o Presidente da República, como Chefe de Estado e de Governo:

a) Deixe de difundir, por meios oficiais ou pessoais, informações falsas ou manipuladas que levem ao entendimento equivocado sobre a eficácia da cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina ou quaisquer outros medicamentos cuja eficácia no tratamento contra a COVID-19 não tenha sido comprovado;

b) Deixe de difundir, por meios oficiais ou pessoais, informações falsas ou manipuladas que levem ao entendimento equivocado sobre a eficácia do uso de máscaras de proteção e do isolamento social no combate à propagação descontrolada da COVID-19;

c) Execute uma campanha ampla de comunicação transparente sobre os riscos da COVID-19, sobre as medidas comprovadamente eficazes para sua prevenção, sobre a eficácia da vacinação e a importância de vacinar-se.

E destacam que dada a política externa isolacionista adotada pelo governo brasileiro, no que se refere à aquisição de vacinas e o risco de que a vacinação lenta, potencialize o desenvolvimento de cepas mais infecciosas, letais e resistentes no país, compreendemos ser fundamental que este Comitê Executivo proponha à Assembleia Mundial da Saúde que sejam adotadas resoluções para:

  1. Chamar a atenção do estado brasileiro, assim como da ONU e membros e de organizações internacionais para a gravidade do estágio atual da pandemia no Brasil, notadamente no que se refere ao surgimento de novas cepas do vírus, de manifestação mais infecciosa e letal;
  2. Chamar a atenção da comunidade internacional para a gestão equivocada do Presidente da República Jair Bolsonaro e de seu Ministro da Saúde, General Eduardo Pazuello, e para o risco que essa gestão representa hoje para a vida do povo brasileiro e para a comunidade internacional;
  3. Criação de um Comitê Internacional para monitoramento das ações do Governo brasileiro no enfrentamento à disseminação do novo coronavírus, conforme Recomendação a ser elaborada pela Organização Mundial da Saúde, especificamente desenvolvida para o cenário brasileiro, para gestão da crise sanitária;
  4. Estabelecer e manter ações de colaboração internacional no sentido de auxiliar o Brasil nos processos de negociação para a aquisição das doses de imunizantes necessárias para a vacinação em massa da população brasileira, em um ritmo que garanta a eficácia das vacinas em relação às novas cepas de vírus que têm se propagado rapidamente no país.


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