sem tempo

ONU aponta desenvolvimento sustentável como caminho para a humanidade no pós-covid

Par diretora-executiva do Pnuma, “não podemos mais usar a abordagem tradicional de negócios para a infraestrutura. Ela está levando à destruição ecológica e à emissão maciça de dióxido de carbono”

Mark Garten/ONU
Mark Garten/ONU
"Desenvolvimento de estrutura sustentável que será vital para combater a mudança climática, melhorar os serviços públicos e impulsionar a recuperação econômica da covid-19", afirma o relatório

São Paulo – A ONU, por meio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), divulgou nesta semana um relatório sobre a importância do desenvolvimento sustentável. O contexto é a recuperação econômica mundial em um cenário posterior à superação da pandemia de covid-19. O documento é intitulado “Princípios Internacionais de Boas Práticas para Infraestrutura Sustentável“. Estão listados bons exemplos e fatores que podem estimular uma mudança no entendimento do conceito de “progresso” nas sociedades capitalistas.

A covid-19 evidenciou fragilidades estruturais de países em um momento de preocupação com catástrofes climáticas e ambientais. E a crítica é ao modelo devastador de desenvolvimento, que pode ser, inclusive, o ponto de partida para o surgimento de mais vírus e complicações sanitárias. “Desenvolvimento de estrutura sustentável será vital para combater a mudança climática, melhorar os serviços públicos e impulsionar a recuperação econômica da covid-19”, afirma o relatório.

A diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen, argumenta que “não podemos mais usar a abordagem tradicional de negócios para a infraestrutura. Ela está levando à destruição ecológica e à emissão maciça de dióxido de carbono. Os investimentos em infraestrutura sustentável não só são ambientalmente saudáveis como também trazem benefícios econômicos e sociais. Projetos de infraestrutura de baixo carbono e de ganhos positivos para a natureza podem ajudar a minimizar a pegada ambiental do setor. Com isso, oferecer um caminho mais sustentável e econômico para fechar a lacuna da infraestrutura”.

Vale apena

O relatório aponta para maior retorno dos investimentos a longo prazo em iniciativas sustentáveis. “O investimento em energias renováveis e eficiência energética cria cinco vezes mais empregos do que os investimentos em combustíveis fósseis. Da mesma forma, investir em infraestrutura resistente em países em desenvolvimento pode criar um retorno de US$ 4 para cada US$ 1 investido. Isso, de acordo com o Banco Mundial“, afirma o documento.

Entre as iniciativas, é possível citar plantas de energia renovável, edifícios públicos ecológicos e transporte com baixo teor de carbono. A pandemia de covid-19 já aponta para o fortalecimento dessas estruturas, como aconteceu no Zimbábue durante 2020. O país sempre sofreu com quedas massivas de energia elétrica que duravam até 18 horas, como aponta o relatório. Diante do sistema de saúde pressionado, o país optou pela instalação de painéis de energia solar em mais de 400 estruturas de saúde. Entre elas, hospitais, unidades de saúde da família e laboratórios.

“A iniciativa Solar for Health é um excelente exemplo do tipo de desenvolvimento de estrutura sustentável que será vital para combater a mudança climática, melhorar os serviços públicos e impulsionar a recuperação econômica da covid-19″, celebra a Pnuma.

Sem tempo

O relatório aponta que os gastos humanos com infraestrutura que envolvem toda a modificação de espaço, como edificações, rodovias e usinas, é responsável por cerca de 70% de todas as emissões de gases do efeito estufa no mundo. Diante disso, o documento chama lideranças econômicas e políticas a alterarem práticas relativas à renovação e criação de novos equipamentos.

“Há uma necessidade urgente de incluir a infraestrutura sustentável e resistente ao clima como parte integrante do crescimento verde para fornecer soluções de energia, água e transporte que facilitarão oportunidades, conexão e crescimento sustentável”, disse o ex-secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e presidente do Instituto de Crescimento Verde Global, parceiro do Pnuma.


Leia também


Últimas notícias