De volta à realidade

Após repercussão, Bolsonaro recua de manobra para derrubar dados da covid-19

Ministério da Saúde começou a exigir, sem aviso prévio, acréscimo de dados nos relatórios sobre falecimentos que atrasaria a contagem e, consequentemente, reduziria os registros diários de óbitos

Paulo Desana/Dabakuri/Amazônia Real
Paulo Desana/Dabakuri/Amazônia Real

São Paulo – Após péssima repercussão, o governo Bolsonaro voltou atrás e não vai mais colocar em prática alterações no sistema de notificação de mortes por covid-19. A consequência da mudança seria atraso na inclusão dos dados e, assim, queda artificial nos números da pandemia.

A informação sobre o recuo do Ministério da Saúde foi confirmada por representantes do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

Horas antes, o governo de Jair Bolsonaro havia alterado o sistema de notificação, incluindo no cadastro de óbitos dados como CPF, cartão SUS, registro de estrangeiro e se a pessoa havia ou não sido vacinada contra a covid-19. Os novos dados, irrelevantes para o registro das mortes causadas pelo novo coronavírus, atrasam o preenchimento, pois nem sempre estão à mão. É mais comum o uso apenas do RG por quem busca atendimento.

Queda?

Em São Paulo, por exemplo, foram registradas 281 mortes por covid-19 nesta quarta, já dentro dos novos critérios. O número é bem menor do que os 1.021, recorde do estado na pandemia, registrados um dia antes, nos moldes anteriores – restabelecidos agora – de notificação dos falecimentos.

“Ontem fomos devastados com a informação de 1.021 mortes no nosso estado. Tínhamos como obrigação ter informação de que esses dados. E hoje só temos aportados 281 casos. Representam muito menos, na verdade, do número de óbitos”, disse o secretário Estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, em coletiva nesta quarta-feira (24), antes de surgir a notícia do recuo do Ministério da Saúde.


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