Tragédia sanitária

Estado de São Paulo tem recorde de 1.021 mortes pela covid-19 em 24 horas

São 68.623 óbitos desde o início da pandemia no estado, que tem apenas 44 municípios com leitos de UTI para pacientes com covid-19. “Situação desesperadora”

Marcello Casal Jr./ABr
Marcello Casal Jr./ABr
A expectativa é que em duas semanas a lotação das UTIs volte a subir por causa da falta de medidas preventivas e da nova variante

São Paulo – O estado de São Paulo registrou, nesta terça-feira (23) um número recorde de mortes decorrentes da covid-19. Foram 1.021 óbitos no período de 24 horas, com um total de 68.623 desde o início da pandemia. Os dados confirmam a piora naquele que já é o auge da pandemia no país. Ontem, o Brasil ultrapassou os 12 milhões de infectados e 295 mil mortos pela covid-19, segundo os números oficiais fornecidos pelos estados ao Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

Somente 44 municípios paulistas têm leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para pacientes com covid-19, de acordo com informações do secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, dadas nesta segunda-feira (22). Ao todo, são 54 cidades no estado de São Paulo com níveis críticos de estoque de oxigênio e medicamentos para o procedimento de intubação de pacientes. A demanda por oxigênio cresceu 40% no estado no último mês.

Isolamento insuficiente em São Paulo

Desde 15 de março, o estado de São Paulo está na fase emergencial da quarentena, com medidas mais restritivas de circulação como toque de recolher das 20h às 5h e proibição de atividades esportivas e religiosas coletivas, com as escolas tendo recesso antecipado. No entanto, o impacto em termos de isolamento social foi reduzido. De acordo com o Sistema de Monitoramento Inteligente do governo estadual, na comparação do último fim de semana da fase vermelha com o primeiro da fase emergencial, houve aumento de um ponto percentual: de 46% para 47%, no sábado, e de 50% para 51%, no domingo.

Entre os dias 15 e 19 o índice máximo de isolamento social alcançado foi de 44%, percentual alcançado na terça e na quinta-feira. Nos outros três dias úteis, a marca foi de 43%. Na semana anterior à fase emergencial, o índice de isolamento social foi de 42%, chegando a 43% na terça (9). Uma pequena variação, insuficiente para chegar ao patamar mínimo estabelecido pelo Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, que é de 55%.

‘Precisamos frear a pandemia agora’

Os números de mortes pela covid-19 em São Paulo repercutiram nas redes sociais. A jornalista em saúde, cientista social e pós-graduanda da Faculdade de Saúde Pública da USP Mariana Varella apontou a urgência de serem tomadas medidas mais restritivas para conter o coronavírus. “O número de óbitos de hoje será estarrecedor. Vacinas são fundamentais, mas precisamos frear a pandemia agora. Não temos tempo. Precisamos desafogar os hospitais (só o estado de SP tem mais de 29 MIL internados com covid) e evitar mortes, restringindo a circulação”, disse ela.

“Situação desesperadora em SP, 1021 mortes por Covid em um dia. Nós nunca tivemos Lockdown de verdade, Araraquara fez e conseguiu diminuir o número de mortes. Não é questão de vontade, de escolha, mas de necessidade e de extrema urgência”, postou em seu perfil no Twitter o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP).

O parlamentar faz referência à cidade do interior paulista, governada por Edinho Silva (PT), que adotou um lockdown de dez dias junto com algumas cidades da região. Um mês após o início da medida, o número de novos casos caiu 57,5% e as mortes 39%. No entanto, a ocupação de UTI para covid-19 segue alta, na casa dos 90%, com uma média de 50 novas internações diárias.


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