Nesta quinta

Com São Paulo em colapso na saúde, Doria vai anunciar fase roxa da quarentena

Governador anunciou a abertura de mais leitos para covid-19 e antecipou coletiva sobre a fase roxa da quarentena de sexta-feira para amanhã

GovSP/Divulgação
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Doria e o secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn: interesses dos empresários acima da vida das pessoas levou à criação da fase de transição

São Paulo – Em meio ao colapso na saúde em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) antecipou a coletiva sobre a situação da covid no estado, que ocorreria na sexta-feira (12), para amanhã, para anunciar a criação de uma fase roxa da quarentena, com mais restrições que a atual fase vermelha. Com isso, os serviços essenciais, como supermercados, padarias e postos de gasolina deverão cumprir horário limitado de funcionamento. A medida deve ser aplicada a partir de sábado (13). Também é analisada a recomendação do Ministério Público de São Paulo para a restrição ao funcionamento de igrejas e templos.

ÚLTIMA HORA: Fase roxa da quarentena em São Paulo começa segunda-feira com toque de recolher

O estado tem hoje (10), 8.972 pessoas internadas em unidades de terapia intensiva (UTI) e 11.342, em enfermarias. A ocupação de leitos de UTI para covid-19 atingiu 82%. Das 24 regiões de saúde, 18 estão no limite da ocupação de UTI, sendo que 32 cidades não têm mais nenhum leito para tratar pacientes com covid. A média de internações está em 2.320 por dia, sendo que 130 delas vão direto para UTI diariamente. Mantida essa média, o esgotamento do sistema de saúde é questão de dias, o que leva agora o governo Doria a decretar a fase roxa da quarentena.

Fonte: GovSP

Ontem (9), São Paulo bateu o recorde de mortes por covid-19 em um único dia. Foram 517 óbitos. No entanto, com o aumento descontrolado das internações, esse recorde pode ser batido em breve, já que até 60% das pessoas com covid internadas em UTI morrem.



Tardio

O governo Doria discorda de que medidas mais restritivas aplicadas em novembro e dezembro pudessem ter evitado a atual situação. Naquele momento, alertavam cientistas, já havia um claro agravamento da pandemia. No entanto, o governador se negou a aumentar as restrições durante as eleições municipais e as festas de final de ano. O secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, alega que a situação ocorrida em novembro e dezembro era muito diferente do que o estado vive agora. Com isso, não demandaria a criação de uma fase roxa da quarentena.

“A partir de janeiro nós enfrentamos uma outra pandemia, com um vírus mais infectivo e com capacidade de acometer pessoas mais jovens. Há 14 dias tínhamos 68% de taxa de ocupação e hoje temos 82%. Em dezembro tínhamos 150 pedidos diários de internação. Ontem foram 1.930. É uma velocidade de acometimento diferente”, argumentou Gorinchteyn. O secretário, porém, foi alertado que as aglomerações que deveriam ser evitadas contribuíram para a atual dramaticidade da situação.

Ainda segundo Gorinchteyn são necessários de 12 a 15 dias para que as medidas mais restritivas comecem a fazer efeito sobre a pandemia. Ele também garantiu que conversou com os fornecedores de oxigênio de São Paulo e não há risco de falta de oxigênio no estado. E fez um apelo para que a população respeite as restrições. “Estamos vacinando. Muito em breve vamos conseguir conter a pandemia. Mas agora é urgente manter o isolamento, que se evite aglomerações e usem máscaras”, afirmou. Segundo dados do Instituto Butantan, a chamada variante de Manaus já é predominante nas infecções do novo coronavírus em São Paulo.

Atendimento

O governo estadual também anunciou a abertura de mais 338 leitos para pacientes com covid-19, sendo 167 em UTI e 171 em enfermaria, até o final de março. Outros 500 leitos foram anunciados no dia 3 de março, sendo 339 de UTI e 161 em enfermaria, também com ativação neste mês. Gorinchteyn também anunciou a ativação de 11 hospitais de campanha, com mais 280 leitos, sendo 140 de cada tipo.


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