tragédia anunciada

Brasil tem mais de 56 mil casos de covid-19 e 1.245 mortes em 24 horas, como nas piores semanas da pandemia

Estudo de economista aponta chance de morrer por covid-19 mais de três vezes maior no Brasil do que em 85% do restante do mundo

Marcello Casal Jr./EBC
Marcello Casal Jr./EBC
Desde o dia 21 de janeiro o Brasil tem média de mortes acima de mil por dia, números semelhantes ao pior momento da pandemia até então, registrado entre junho e setembro

São Paulo – O Brasil registrou 1.254 mortes por covid-19 hoje (3). O avanço no período de 24 horas elevou o número de vítimas para 227.563. Já o número de contaminados teve acréscimo de 56.002, totalizando 9.339.420 casos de covid-19 desde o início do surto, em março. Os números são do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

Desde 21 de janeiro o Brasil tem média de mortes acima de mil por dia, números semelhantes ao pior momento da pandemia até então, registrado entre junho e setembro. E desde 17 de dezembro o país superou a média de casos novos diários daquele período. De acordo com as médias epidemiológicas calculadas nos últimos sete dias, são 1.057 vítimas diárias e 48.935 novos doentes.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass

O Brasil é o terceiro mais afetado pela covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos (26,5 milhões) e Índia (10,8 milhões), mas uma proporção de 8 mil casos para cada 1 milhão de habitantes – nos Estados Unidos são 80 mil e no Brasil, 44 mil. A condução da pandemia pelo governo Bolsonaro foi considerada como a pior do mundo por Instituo Lowy, uma organização de pesquisa independente australiano.

A falta de ações e a negação da ciência por parte da cúpula bolsonarista têm impacto no cenário. Agora, novo estudo indica que o risco de morrer no Brasil de covid-19 foi mais de três vezes maior do que no resto do mundo durante 2020.

Pior cenário

A conclusão foi do economista Marcos Hecksher, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os dados ainda não levam em conta a “segunda onda” de contágio que atingiu o Brasil em especial após aglomerações de fim de ano. Até o fim de dezembro, eram pouco menos de 195 mil mortos, frente a 227 mil um mês depois. Os cálculos do pesquisador ainda descartam uma subnotificação que é realidade denunciada por cientistas e reconhecida por autoridades. Em 2020, a subnotificação de mortes suspeitas de covid-19 superou as 70 mil, de acordo com levantamento do Ministério da Saúde.

O trabalho do pesquisador do Ipea ainda está em andamento, mas foi adiantado pela BBC Brasil. Os cálculos apontam que 95% dos países do mundo tiveram mortalidade inferior à brasileira. Isso, levando em conta parâmetros de composição demográfica, faixa etária de contaminados, entre outros aspectos. Um dos fatores que podem levar à alta letalidade tem relação com a ausência de um governo federal atuante. Já que Bolsonaro ridicularizou a pandemia e os mortos, e rejeitou a ciência que pedia por rastreio de contágios, aplicação intensa de testes e isolamento social. Nada disso foi feito em larga escala.

Números de mortos e casos revelam uma segunda onda de casos e mortes equivalente ao pico registrado no meio de 2020. Fonte: Conass


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