Descaso na saúde

Hospital Heliópolis tem atendimentos suspensos após falha em elevadores

Trabalhadores denunciam que problemas se acumulam na gestão Doria, que “abandonou” a unidade. “Hoje não temos condições mínimas de atendimento”

Divulgação
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Os cinco elevadores ficaram paralisados na quarta. Apenas dois voltaram a funcionar, transportando de insumos e comidas a pacientes doentes. Situação coloca segurança hospitalar em risco, diz o SindSaúde

São Paulo – Profissionais do Hospital Heliópolis, na zona sul da cidade de São Paulo, denunciam que faltam condições de trabalho e atendimento na unidade de saúde. Referência em oncologia, o hospital precisou fechar a agenda do setor na última sexta-feira (15), segundo o Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (SindSaúde-SP), por conta de falhas nos elevadores. 

O problema teve início ainda na tarde de quarta-feira (13), quando os cinco elevadores da unidade ficaram paralisados. Os equipamentos entraram em manutenção mas, até esta segunda-feira (18), apenas dois elevadores voltaram a funcionar, afirma a diretora do SindiSaúde-SP pela região do ABC Paulista, Gilvania Santos Santana. De acordo com ela, a situação forçou que a agenda de atendimentos oncológicos fosse fechada na sexta-feira. “Um elevador em um hospital não é qualquer coisa, não é luxo”, contesta em entrevista à Maria Teresa Cruz, do Jornal Brasil Atual. 

O funcionamento parcial dos elevadores também colocou em risco a segurança hospitalar, aponta. Já que os mesmos equipamentos concentraram o transporte desde comida e insumos a pacientes doentes. “Nesse momento caótico que estamos passando de pandemia, isso é uma incoerência total, porque o governo de São Paulo só faz lobby na televisão e os nossos equipamentos estão todos abandonados”, denuncia a dirigente. 

Sucatear o serviço para privatizar

Também integrante do Conselho Municipal de Saúde de Mauá e secretária de Igualdade Racial da Federação dos Trabalhadores em Seguridade Social (FETSS), Gilvania observa ainda que os problemas de infraestrutura na unidade se arrastam há meses. “Hoje não temos condições mínimas de prestar atendimento de qualidade à população”. 

De acordo com o SindSaúde, a direção do hospital foi procurada, ainda na quarta-feira, para uma reunião com os trabalhadores. Mas os diretores teriam se recusado a recebê-los por conta da pandemia do novo coronavírus. Com gestão direta do Estado, o hospital referência e de orgulho da comunidade Heliópolis estaria, nas palavras da entidade dos trabalhadores de saúde, sendo “sucateado” pelo governo de João Doria (PSDB). Postura comum das gestões tucanas, avaliam, para privatizar.

Gilvânia também contesta a criação de hospitais de campanhas em meio à pandemia, que meses depois foram fechados precocemente. A dirigente defende que os governos deveriam ter investido nos hospitais já existentes. “Temos um sistema de saúde grande, mas os hospitais estão abandonados. Se eles tivessem aparelhado os hospitais, comprado respiradores, hoje a realidade do sistema de saúde seria outra”, declara. “Estamos há quase 10 meses de pandemia e a situação da saúde continua caótica da mesma forma”. 

“O hospital e a comunidade pedem socorro aos governantes, para que olhem não carinho, mas com seu papel de gerência. Gerenciar um serviço público daquele tamanho, um prédio com 10 andares, que hoje está abandonado”, cobra a dirigente. 

Confira a entrevista 


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