balanço no morro

Favelas do Rio passam de 10 mil infectados por covid-19

De acordo com levantamento do jornal Voz das Comunidades, favelas do estado já tem oficialmente mil mortos, mas método de contagem da prefeitura pode ter provocado subnotificações

Renato Moura / Voz das Comunidades
Renato Moura / Voz das Comunidades
Levantamento do jornal Voz das Comunidades leva em conta diversas fontes, o que o torna mais seguro do que o do próprio governo do estado do Rio de Janeiro

São Paulo – A covid-19 já provocou a morte de ao menos mil pessoas nas favelas do Rio de Janeiro. De acordo com levantamento do jornal comunitário das favelas cariocas Voz das Comunidades, esse número de óbitos foi alcançado na manhã de hoje (18). Já o total de casos observados nessas comunidades chegou a 10.370.

A atualização do painel produzido pelo Voz das Comunidades é diária, mostrando a situação da covid-19 nas favelas cariocas a partir de diferentes fontes. São elas: Prefeitura do Rio de Janeiro e Governo Estadual do Rio de Janeiro, Clínica da Família Zilda Arns, Clínica da Família Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (ENSP), Clínica da família Victor Valla, Clínica da Família Maria do Socorro Silva e Souza, Clínica da Família Valter Felisbino de Souza, Unidade de Saúde da Familia João Candido, Clínica da Família Anthídio Dias da Silveira, Clínica da Família Rinaldo De Lamare e Cms Dr Albert Sabin.

O jornal comunitário explica que a metodologia aplicada é a chamada comparada, já que existem incompatibilidades com os números da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro. “O conflito nos dados divulgados pela prefeitura e os registrados nas planilhas das unidades de saúde é explícito. A equipe do Voz das Comunidades apurou que os casos da prefeitura são registrados nos bairros em que estão inseridas as favelas, e apenas alguns números são associados às comunidades onde está a unidade de saúde. Por exemplo, no Complexo do Alemão, os casos recuperados e óbitos estão sendo registrados nos bairros Ramos, Inhaúma e Bonsucesso.”

Covid entre indígenas

O número de vítimas da covid-19 nas favelas do Rio é similar ao de mortos entre a população indígena brasileira. Contabilizados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), são 923 vítimas. No entanto, o número de casos é muito maior: 45.807 casos, espalhados por cidadãos de 161 povos.

A Apib calcula um índice superior ao oficial do Ministério da Saúde, que confirma cerca de 40 mil infecções e 550 mortes. A diferença, segundo a entidade, é resultado do fato de que o governo não considera os mortos indígenas que não vivem em aldeias. “A covid-19 chegou nos territórios indígenas de forma avassaladora. Vidas estão sendo perdidas em um ritmo crescente. Estamos diante de uma tragédia humanitária sem precedentes e precisamos nos unir e agir”, alerta a Apib.

Primeira vacinada do Rio

Uma antiga moradora do Complexo do Alemão foi uma das primeiras brasileiras imunizadas, de acordo com informação da Voz das Comunidades. A enfermeira Carolina Trugilho foi vacinada ontem (17) no primeiro dia da campanha nacional de imunização, na capital paulista. Carolina trabalha na linha de frente no combate à covid-19. Há um ano, ela se mudou pra São Paulo e passou a trabalhar no Hospital das Clínicas.


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