descaso

Confirmando posto de ‘pior do mundo’ na pandemia, Brasil supera 9 milhões de infectados por covid-19

Novos casos passam de 61 mil em 24 horas. Mortalidade é superior mesmo à média no até então pico da pandemia, entre junho e setembro

reprodução
reprodução
Governo Bolsonaro persiste em negar a ciência, estimular e promover aglomerações e confundir a sociedade com mentiras sobre a pandemia

São Paulo – Nenhuma surpresa. O Brasil superou hoje (28) a marca de 9 milhões de pessoas que atingidas pela covid-19 desde o início do surto, em março passado. Com 61.811 novos casos nas últimas 24 horas, o número oficial de infectados chegou a 9.058.687. O dia também foi de um grande número de mortos pelo novo coronavírus, com 1.386 óbitos por covid-19 oficialmente registrados. A mortalidade é superior mesmo à média da pandemia no até então pico, entre junho e setembro.

Com a atualização dos números, o país soma 221.547 mortos, de acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). A média móvel de mortes calculada em sete dias está em 1.057 vítimas por dia. O número é similar ao pior momento da pandemia. Assim, considerando o elevado número de casos diários, superior aos meses de maior mortalidade, a covid-19 segue descontrolada no Brasil. E em ritmo crescente. Fevereiro começará com o país em estado máximo de atenção para a aceleração dos números de casos e mortes pela infecção.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass

Fator Bolsonaro

O país é o segundo com mais mortes no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. A tragédia é agravada pelo conduta desastrosa do presidente da República, Jair Bolsonaro. Apesar dos 220 mil brasileiros mortos, ele persiste em negar a ciência, estimular e promover aglomerações e confundir a sociedade com mentiras sobre a pandemia.

Em uma condução lenta e apática da busca por vacinas, Bolsonaro também chegou a fazer campanha aberta contra imunizantes. Hoje (28) em Alagoas, recebido pelo ex-presidente, hoje senador, Fernando Collor de Mello (Avante), o presidente voltou a desdenhar da covid-19. “O povo brasileiro é forte, não tem medo do perigo. Nós sabemos quem são os vulneráveis: os mais idosos e os com comorbidade. O resto tem que trabalhar (…) reformulem essa política. Entendam que isolamento, o confinamento nos leva para a miséria”, disse.

Pior do mundo

Diante de um governo abertamente contrário à ciência, a covid-19 se consolida como a maior crise sanitária da história do Brasil. De acordo com um estudo do Lowy Institute, uma organização australiana independente que analisa políticas públicas, a condução da pandemia pelo governo brasileiro foi a pior do mundo.

Foram analisadas as medidas tomadas em 98 países a partir de critérios técnicos envolvendo ações federais em relação à Saúde. Providências como capacidade de testagem, estratégias de contenção do vírus, entre outras. Outro país que figurou entre os piores do mundo, logo à frente do Brasil, foram os Estados Unidos. Em comum, ambos os países contaram, em 2020, com presidentes populistas, que ridicularizaram mortes, rejeitaram até mesmo o uso de máscaras e receitaram medicações comprovadamente sem eficácia contra a covid.

No topo dos 10 países que melhor combatem o vírus estão a Nova Zelândia, Vietnã, Taiwan, Tailândia, Chipre, Ruanda, Islândia, Austrália, Letônia e Sri Lanka. O estudo não inclui os resultados da luta pela contenção da pandemia em Cuba.

Os países que obtiveram sucesso em suas políticas públicas praticamente erradicaram o vírus com medidas intensas de isolamento social, proteção econômica às populações, aplicação massiva de testes e rastreio de contágio.

Chama atenção no relatório que na lista dos mais bem sucedidos estão tanto alguns países ricos, como também emergentes e pobres. Ou seja, status econômico não impede governos responsáveis de preservar vidas.


Leia também


Últimas notícias