"Abrace a Vacina"

Campanha estimula população a aderir à vacinação contra a covid-19

“Esse ‘desgoverno’ não está informando a população que vamos vacinar”, diz ex-presidente da Anvisa. Campanha também alerta para fake news sobre a imunização

Carolina Antunes/PR
Carolina Antunes/PR
Inoperância do governo foi criticada em evento de lançamento de campanha para a disseminação da vacinação

São Paulo – Urgência para o governo Bolsonaro informar a população sobre a vacinação contra o novo coronavírus foi cobrada hoje (18) pelo ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Gonçalo Vecina Neto. Em participação no lançamento da campanha Abrace a Vacina, o médico e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) destacou que, em toda história de vacinação no país, a imunização da população foi precedida de campanha oficial de esclarecimento (confira vídeo ao fim desta matéria).

“Temos vacina? Temos. Sabemos vacinar? Sabemos. O que falta? Gente para vacinar. Este é o grande desafio que acho que nós temos. Temos de disseminar a notícia de que vamos vacinar. Não existiu nenhuma campanha de vacinação no Brasil até hoje que não tenha sido precedida da informação do que estamos vacinando. As pessoas precisam saber. Esse governo, ou melhor, este desgoverno, não está informando a sociedade que vamos vacinar. Se não houver informação as pessoas não vão vacinar”, disse o médico.

Para Vecina, é preciso um grande esforço para disseminar a ideia de que quem ama, vacina. “Abraça essa ideia e vá vacinar você e sua família quando for a hora de ser vacinado.”

Inoperância do Ministério da Saúde

O médico oncologista Drauzio Varella também criticou o governo Bolsonaro, dirigindo-se diretamente ao ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello. “A Anvisa aprovou a vacina. Mas vamos precisar de muitas doses para conseguir imunidade coletiva, o que não vai ser fácil por causa da inoperância do Ministério da Saúde”, frisou. “E mesmo assim essa vacinação vai levar tempo até que a gente venha a ter o número suficiente de doses.”

Drauzio aproveitou para reforçar as orientações sobre as medidas para evitar o contágio pelo novo coronavírus. “Por enquanto, temos de lembrar que estamos vivendo uma pandemia muito mais grave que aquela que já foi. Temos de sair de máscara, evitar aglomeração. E não tem essa de dizer ‘ah eu to cansado’. Morre gente! Morreram 210 mil brasileiros até esse momento e vão morrer muitas mais pessoas.”

O médico defendeu defendeu os imunizantes aprovados pela Anvisa neste domingo (17). “As vacinas são seguras. E qualquer uma das duas. As vacinas são eficazes. Eu serei um dos primeiros da fila quando for chamado para vacinar”.

Não às fake news

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, foi firme na defesa da vacinação e contra as fake news, inclusive aquelas que espalham inverdades sobre o tratamento precoce da doença, defendida pelo governo, à base de medicamentos como a cloroquina, sem comprovação de benefício aos doentes de covid-29. Muito pelo contrário.

Dom Walmor destacou o novo coronavírus como mortal e que a covid-19 torna-se ainda mais grave com a “desinformação generalizada promovida maquiavelicamente pelas fake news“, disseminadas por pessoas que ganham com a manipulação da opinião pública escondendo a verdade e “abraçando vergonhosamente a mentira”.

“A cura de muitos males da sociedade, inclusive essa pandemia, exige compromisso com a verdade. Então seja dita a verdade: a vacina é a arma mais eficaz e segura para combater a covid-19. Não se deixe enganar por quem desmerece a vacina. Não se deixe convencer pelos que tratam a covid-19 com descaso, minimizando seus impactos em muitas famílias agora marcada pela dor e pelo luto. A ciência com as suas pesquisas mostra que não há tratamento precoce para a covid-19. O fim da pandemia depende de uma adesão maciça à vacinação”, frisou o religioso.

Dose gratuita

A dor e a saudade dos entes queridos mortos pela covid-19 no Brasil – já são mais de 210 mil – estiveram no centro da mensagem do economista Eduardo Moreira, que também participou do lançamento da campanha Abrace a Vacina.

“Entre as mais de 210 mil pessoas mortas pela doença havia bolsonaristas e petistas, brancos e negros, pessoas de todo lugar. E a dor de quem perdeu é infinita. Se pudéssemos voltar no tempo (com a vacina), tenho certeza de que quem perdeu mãe, pai, filho, filha, irmão, irmã trocaria tudo o que tem por uma dose para trazê-los de volta. Independentemente do partido político, da posição ideológica, só para tapar o buraco daquela dor e trazer de volta a pessoa que partiu”, disse.

O economista lembrou, no entanto, o privilégio de quem sobreviveu, ou de quem não adoeceu, e pode a partir de agora tomar o imunizante. “Essa dose sem dar em troca, a nossa casa, o carro, o dinheiro guardado no banco… Nada. Uma vacina gratuita, pra gente poder, daqui pra diante, dividir entre nós e darmos todos os abraços  que essas mais de 200 mil pessoas que se foram não vão mais poder dar.

“Quando eu estava lá, lutando pela vida, só pensava que a vacina ia chegar. E agora ela chegou. Eu abraço a vacina”, disse a atriz Marieta Severo, compartilhando o pânico e o medo de ter passado pela covid-19.

A campanha Abrace a Vacina tem como objetivo disseminar entre a população informações sobre a segurança e eficácia do imunizante, que têm sido alvo de um esforço de bolsonaristas para desacreditar a vacina. É apoiada pela Frente pela Vida e diversas outras organizações e movimentos em defesa da saúde e do SUS, além de especialistas, ativistas, artistas, intelectuais e outras personalidades.

Redação: Cida de Oliveira


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