Sabotador

Bolsonaro alterou MP para excluir vacina Sputnik da lista para liberação acelerada

Medida que permite a compra de vacinas já aprovadas por agências internacionais amplia as opções de imunizantes. Com a exclusão pelo governo, trâmite de compra da Sputnik V pode enfrentar dificuldades e atrasar ainda mais a vacinação dos brasileiros

CC.0 Wikimedia Commons
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Vacina russa Sputnik V tem eficácia de 95%, segundo revista médica The Lancet

São Paulo – Enquanto México e Bolívia anunciam acordo para a compra da Sputnik V, vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Rússia, o Brasil deve ter dificuldades no trâmite. Isso porque o governo de Jair Bolsonaro excluiu a Rússia da lista de países que poderiam vender vacinas antes da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O que pode atrasar a análise e a aquisição do imunizante produzido pelo Instituto Gamaleya. As informações são do jornal O Globo

Desde o dia 6 de janeiro que o Ministério da Saúde tem conseguido negociar a compra de vacinas no exterior mesmo antes do aval da Anvisa, por meio de Medida Provisória (MP). A condição, de acordo com o texto, é que o imunizante deve ter sido aprovado por agências internacionais específicas, caso da Sputnik V. A medida já era prevista desde o final de dezembro e incluía laboratórios dos Estados Unidos, China, União Europeia, Japão e Rússia na lista de possíveis fornecedores. 

No entanto, documentos obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) pelo O Globo, mostram que o presidente e mais quatro ministros retiraram, em janeiro, o Ministério da Saúde da Rússia da lista de países da MP. Apesar de a vacina russa já ter a documentação em trâmite na Anvisa e ser solicitada por governadores. Além disso, o texto anterior explicitava a necessidade de ampliar a lista de instâncias internacionais para que o governo brasileiro tivesse mais opções de compra da vacina. 

Governo sabotador 

De acordo com o jornal, a exclusão da Rússia “expõe as idas e vindas do governo sobre o processo de compra de vacinas”. Mesmo com a MP e a baixa quantidade de doses para imunizar pelo menos 60% da população brasileira, o governo Bolsonaro só comprou, até o momento, as vacinas da CoronaVac e da Astrazeneca. Na contramão, inclusive, do plano nacional de imunização para a covid-19. Anunciado em dezembro pelo ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, o plano também tratava da possibilidade de compra de outras vacinas, entre elas a russa.

Nesta segunda-feira (25), a farmacêutica União Química, responsável pela Sputnik V no Brasil, se reuniu com a Anvisa para tentar aprovar a condução dos testes clínicos da fase 3 da vacina no Brasil. A etapa final é exigência da agência para garantir o registro do uso emergencial do imunizante, já aprovado na Argentina. O governo russo afirma que 10 milhões de doses estão prontas para a entrega ao Brasil no primeiro trimestre deste ano, apenas aguardando a concessão do uso emergencial pela Anvisa. 

Redação: Clara Assunção


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