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Cidade de São Paulo tem mais de 400 pessoas em UTI com covid-19, maior número em 30 dias

Região daGrande São Paulo teve a pior segunda-feira (16) desde 31 de agosto e registra 10 dias de crescimento contínuo de internações por covid-19, em UTI e em enfermaria

Agência Brasil
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Internações por covid-19 sobem sem parar desde 6 de maio e governo Doria sumiu com os dados desde sexta

São Paulo – A cidade de São Paulo registrava ontem (16) 408 pessoas internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) com covid-19. O número é o maior em quatro semanas e representa um aumento de 25% em relação a situação em 19 de outubro, quando havia 327 pessoas internadas. Naquele dia, a taxa de ocupação de UTI na capital paulista, era de 33%. Hoje é de 40%, um crescimento de 21,2%. Considerando apenas a rede privada, o registro mais recente é de 65% de ocupação. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde e desmontam o discurso do prefeito e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), de que a pandemia está sob controle na capital paulista.

Na região de saúde da Grande São Paulo, que reincluiu a capital em outubro, o número de internações de pacientes com covid-19 cresce há 10 dias seguidos, segundo dados do Boletim Coronavírus, organizado pelo governo de João Doria (PSDB). Ontem a região teve a pior segunda-feira desde 31 de agosto, registrando 579 novas internações – e a média móvel chegando a 639, pior número desde 20 de setembro. A taxa de ocupação de UTI para pacientes com covid-19 na região está em 48,2%, maior número em semanas.

Dados do Boletim Coronavírus, organizados pelo governo de São Paulo

No estado

O estado de São Paulo também registra aumentos seguidos de novas internações há nove dias. E um aumento de 10,85% no número de pacientes nessa situação, nos últimos 30 dias – de 7.193 para 7.973. O número de pacientes em UTI com covid-19 também cresceu: de 3.153, há um mês, para 3.372, ontem (16). Apenas na última quarta-feira (11), foram 1.145 novas internações, o maior registro desde 10 de outubro. São 13 regiões paulistas com aumento de internações, das 17 existentes.

Mesmo em meio a essa situação, Doria adiou a reclassificação das regiões no Plano São Paulo, que coordena a reabertura da economia – podendo flexibilizar ou restringir a circulação de pessoas. A medida foi recebida como uma tentativa de evitar problemas para Covas, que disputa o segundo turno da eleição municipal contra Guilherme Boulos (Psol). A nova reclassificação foi marcada para 30 de novembro, um dia após a nova rodada da eleição municipal.

Doria afirma que os dados de aumento de casos e mortes não estão confiáveis, devido a problemas no sistema do Ministério da Saúde, que ainda não teria se recuperado completamente de um ataque por hackers cometido no último dia 5. No entanto, o número de mortes só apresenta alterações significativas em duas a três semanas depois de um aumento de internações e da taxa de ocupação de UTI para pacientes com covid-19, segundo o próprio Comitê de Contingência do Coronavírus de São Paulo.

Para o ex-ministro da Saúde e médico sanitarista, Arthur Chioro, a decisão de Doria é “inaceitável”. “Os dados que sobem para o Ministério da Saúde são produzidos localmente e transferidos para a secretaria de Saúde. O governador não confia nos dados da sua própria secretaria? Não venha querer culpar o ministério, que é mesmo responsável por outras atrocidades, mas não essa. Ciência só vale quando valida as crenças do governador? Quantas pessoas terão que morrer até que ele reconheça o agravamento da situação e tome as medidas que precisam ser tomadas? Ou os interesses eleitorais transmitiram ao governador tucano a doença do negacionismo do presidente?”, questionou.

Para Chioro, há tempo de agir e evitar que a situação se agrave mais ainda. “Teria que avaliar região por região, para não cometer o mesmo erro de fechar tudo, sem considerar a situação epidemiológica de cada local. E ampliar as recomendações de isolamento social e, em particular, impedir o funcionamento sem restrição de serviços e locais que geram aglomerações é essencial. Não se vê mais fiscalização sequer para uso de máscaras”, afirmou.


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