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Números mostram piora da covid-19 em São Paulo, mas Bruno Covas diz que é ‘fake news’

Ocupação de leitos de UTI e número de pessoas em ventilação mecânica por covid-19 em São Paulo aumentaram. Rede privada vive grave aumento de internações

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Covas nega que situação esteja saindo do controle, como demonstram os dados da pandemia

São Paulo – A pandemia de covid-19 em São Paulo mostra sinais claros de piora na capital e em outras cidades. Houve aumento de 12,5% na ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na Grande São Paulo. Na rede privada da capital, 65% dos leitos de UTI estão ocupados. O número de pessoas em ventilação mecânica cresceu e o percentual de testes positivos aumentou. Mas o prefeito da capital paulista e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), ignora os dados e disse ontem (12), no debate realizado pela TV Cultura, que “isso é mais uma fake news, lançada às vésperas da eleição, mostrando o desespero eleitoral de alguns”.  

Mas os dados da própria Secretaria Municipal da Saúde desmentem Covas. Segundo o Boletim Diário, o número de pessoas internadas por covid-19 em São Paulo cresceu 11,8% nas últimas quatro semanas. De 614 pessoas, em 22 de outubro, para 686, ontem (12). Além disso, o número de pessoas em UTI subiu 48,7%. Depois de atingir o menor valor após o pico da pandemia, com 228 pessoas em terapia intensiva, ontem a cidade tinha 370 pacientes nessa condição. Além disso, segundo o próprio secretário Municipal da Saúde, Edson Aparecido, a rede privada está com 65% de ocupação das UTI reservadas para doentes com covid-19.

Segundo os dados do Boletim Coronavírus, do governo estadual, a média móvel de novas internações por covid-19 na Grande São Paulo também registrou aumento e uma tendência de platô, encerrando a queda que vinha sendo registrada desde o pico da pandemia, em junho. Os dados mostram que a média móvel de internações em 18 de outubro chegou a 499, nos 39 municípios, menor valor desde o pico. Mas voltou a subir, chegando a 546, em 31 de outubro. Além disso, foram marcadas 520 novas internações no dia 4 de novembro. A ocupação de leitos de UTI subiu de 40% para 45% na região, em sete dias.

Hospitais em alerta

Gráficos sobre a pandemia de covid-19 em São Paulo, levantados pelo mestre em saúde pública Márcio Sommer Bittencourt e publicados nas redes sociais, comprovam que a situação está sim se agravando. Depois de atingir a menor média de internações após o pico da pandemia, abaixo de 280 hospitalizações, sete hospitais da rede privada registram um grave aumento, a partir de 23 de outubro. No dia 11 de novembro, a média móvel ultrapassou 400 internações.

Dados de internações por covid-19 na rede pública de São Paulo ainda não registram aumento significativo, mas uma interrupção da queda de internações com leve subida na média móvel. No entanto, os gráficos de ocupação de UTI e de pacientes em ventilação mecânica mostram um indicativo claro de aumento. Bittencourt também cita dados do Instituto Adolfo Lutz, que processa os exames de detecção do novo coronavírus, mostrando que os casos positivos correspondem a cerca de 20% do total de exames, quando o máximo para se considerar que a pandemia está sob controle seria de 5%.

“Em resumo, aumenta sim a ocupação de leitos privados, mas também muda a tendência de ocupação de leitos públicos, UTI, uso de ventilação mecânica e número de casos confirmados na cidade e estado de São Paulo. Fica muito claro que de 12 de outubro para cá pioram as métricas na cidade e grande São Paulo. Não acabou, nem está sob controle. A transmissão progride mais devagar, mas ainda acelerando nestas regiões”, escreveu Bittencourt, que também é pós-doutor em cardiologia.

Outras cidades

A piora do quadro da pandemia de covid-19, no entanto, não se limita a São Paulo. No interior paulista, em São José dos Campos, houve aumento de confirmação de casos entre meados de outubro e início de novembro. O mesmo ocorre com Criciúma, Blumenau e Jaraguá do Sul, em Santa Catarina. Da mesma forma em Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR). Nesta última, houve registro de 736 novos casos no dia 11 e a Unimed Laboratório, da rede privada, fechou o atendimento presencial em quatro unidades, para reduzir o potencial de contaminação. Recife (PE), com mais de mil casos em 24 horas, Natal (RN) e Vila Velha (ES) também registram grave aumento de casos.

Além disso, o número diário de mortes pela covid-19 no Brasil chegou a 866 ontem (12), de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Desde a primeira semana de outubro o país não ultrapassava a marca de 800 casos fatais em 24 horas. O total de mortes causadas pelo novo coronavírus desde domingo (8) já representa mais de 90% do que foi identificado na semana passada.


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