IMUNIZAÇÃO

Coronavac produz anticorpos em 97% dos participantes, mostra estudo

Resultados são relacionados à fase 1 e 2 de testes, e apontam para imunização a partir de 14 dias após a aplicação da vacina

GOVESP
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Com amostragem de 2.300 pessoas vacinadas com o imunizante da Sinovac, apenas 45 foram contaminadas e nenhuma morte foi reportada

São Paulo – A Coronavac, vacina contra a covid-19 da farmacêutica chinesa Sinovac, é segura e tem capacidade de produzir anticorpos por 28 dias após sua aplicação em 97% dos pacientes. O dados foram divulgados em artigo revisado por cientistas e publicado na última terça-feira (17), na revista científica Lancet Infectious Diseases.

Os resultados ainda não são relacionados com a fase três dos testes. A imunização foi analisada nos ensaios clínicos de fase um e dois, conduzidos na China, nos meses de abril e maio. O estudo diz que a vacina foi testada em 744 voluntários saudáveis de 18 a 59 anos, sem histórico de infecção pela covid-19.

A vacina Coronavac está em fase três dos testes em diversos países, incluindo o Brasil, onde o imunizante é trabalhado em parceria com o Instituto Butantan. É a primeira publicação oficial relacionada às testagens anteriores. O estudo randomizado, duplo-cego e controlado apresentou bons resultados, com a produção de anticorpos já verificada após 14 dias e o pico de produção aos 28 dias.

“Em resumo, Coronavac foi bem tolerado e induziu respostas humorais contra SARS-CoV-2, o que apoiou a aprovação do uso de emergência de Coronavac na China e em três estudos de fase 3. A eficácia protetora do Coronavac ainda precisa ser determinada”, diz a análise da revista.

A publicação afirma que a vacina chinesa induziu à produção de anticorpos neutralizantes, cuja função é justamente impedir a entrada do vírus nas células, sugerindo que a vacina pode ser eficaz em impedir a infecção e não apenas o desenvolvimento da doença. Não foram analisados, porém, os linfócitos T, responsáveis por garantir proteção celular.

Os testes da Coronavac

A primeira fase dos testes da Coronavac dividiu os participantes aleatoriamente em dois grupos. Uma parte recebeu a dose mais baixa da vacina e, após sete dias, o restante recebeu a dose mais alta. Em cada grupo foi aplicada uma dose reforço após 14 dias. Na segunda fase, outros 600 participantes foram aleatoriamente separados em três grupos. Nestes, além da divisão de doses maiores e menores, um terceiro grupo recebeu placebo.

Ainda na primeira fase, após 14 dias da aplicação da vacina nos grupos foi identificada, em metade dos participantes, a presença de anticorpos no sangue, específicos contra o coronavírus. Entretanto, após 28 dias, a taxa de imunização subiu para 83% dos participantes. “Nenhum evento adverso sério relacionado à vacina foi observado dentro de 28 dias após a vacinação”, acrescentou o estudo.

Entretanto, na fase 2 dos testes, o resultado foi mais positivo. A ‘seroconversão’, ou seja, os anticorpos, foi identificada em 92,4% dos indivíduos que receberam a dose mais baixa, após 14 dias. O grupo que recebeu a dose mais alta teve 98,3% de resposta positiva, no mesmo período 14 dias depois. Os participantes tomaram a segunda dose e a imunização identificada foi de 94,1% nos indivíduos com a dose mais baixa e 99,2% naqueles que receberam a mais potente.

Os autores do artigo afirmam que, dada a situação de emergência da pandemia, em um intervalo de 14 dias entre as doses já é possível detectar anticorpos no sangue, e essa pode ser uma opção para imunizar mais rapidamente a população.


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