sombrio

Depois de um mês de recuo, números de casos e mortes por covid-19 voltam a subir

Brasil registra maior número de mortes por covid-19 em 24 horas desde 6 de outubro. Proximidade das festas de fim de ano e do verão aumentam preocupação

PR/secom
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"Chega de frescura e mimimi. Vão ficar chorando até quando?" Isso foi o que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse sobre a covid-19 após o dia com mais mortos (1.910) desde o início da pandemia

São Paulo – A curva de novos casos e mortes por covid-19 no Brasil, após mais de um mês de recuo, volta a subir. O Brasil registrou 756 mortes por pela infecção nas últimas 24 horas, de acordo com boletim divulgado no início da noite de hoje (18) pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Foi o maior número de mortes no período desde o dia 6 de outubro. O número de novos casos registrados foi de 34.091. Desde o início da pandemia no país, em março, são 167.455 mortos e 5.945.849 infectados Os números são seguramente maiores, já que o Brasil testa muito pouco sua população.

Média móvel de casos e mortes de covid-19 no Brasil em cinco dias. Mortes e casos voltam a subir

No Rio de Janeiro, de acordo com boletim da Secretaria de Saúde estadual, houve um aumento de 89% na média móvel (em cinco dias) de mortos. Foram mais de 220 óbitos nas últimas 24 horas no estado, um número não visto desde julho. Já a média de casos subiu 43% desde o início deste mês. A taxa de ocupação de leitos públicos de UTI passa dos 80% na capital carioca. De todos os leitos destinados à covid-19, 90% deles estão ocupados.

Em São Paulo, a situação também é preocupante, conforme seguidas reportagens da RBA desde o dia cinco deste mês. Entre os hospitais privados do estado, a situação é similar ao pior momento da pandemia, entre maio e junho. A cidade de São Paulo tem mais de 400 pessoas em UTI com covid-19, maior número em 30 dias.

Em Santa Catarina, hoje (18) foi o dia com maior número de casos desde o início da pandemia. Foram 5.178 infectados em 24 horas. O estado ultrapassou 300 mil casos da doença no mesmo dia em que a governadora interina Daniela Reinehr, apoiadora de Bolsonaro, testou positivo para a doença.

Leia também: Mortalidade da covid-19 no Brasil pode superar a da Gripe Espanhola, alerta sanitarista

Perspectivas

“Se isso vai ser uma segunda onda ou não, vai depender das nossas atitudes. Se deixarmos o vírus circular, vamos ter forte alta novamente (…) Europa: passa por um momento de mortes que já é igual ao do começo do ano. Brasil: Me espera! Olha o que foi o verão da Europa. E como os casos subiram agora. Nosso verão não terá tão poucos casos. E 2021, como será?”, alerta o biólogo e divulgador científico Átila Iamarino, em seu perfil no Twitter.

De acordo com dados do Imperial College de Londres divulgados ontem, a pandemia no Brasil voltou ao descontrole, após quase dois meses de recuo. Com as altas taxas de transmissão e a proximidade do fim do ano, com aglomerações típicas, o cenário é ameaçador. “Acho que temos um aumento de casos. Isso se torna uma segunda onda se não agirmos. Ainda tem férias, ainda tem festas, tem muita demanda por circulação que devem fazer os casos aumentarem”, completa Átila.

Realidade

Em países do hemisfério norte a retomada da pandemia de covid-19 é realidade. Com a chegada das estações frias e com a flexibilização do isolamento que veio com o fim da primeira onda, o vírus retornou com força.

Ontem (17) foi o dia com mais mortes desde abril em alguns países europeus, com destaque para Reino Unido, Itália, Espanha e França. A curva de casos nestes países já supera aos registros do primeiro semestre. Já as mortes começam a atingir níveis semelhantes.

Com mais casos, seria esperado maior número de mortes. Entretanto, alguns fenômenos podem explicar a redução da mortalidade da covid-19 nesta segunda onda. Entre elas a maior disponibilidade de testes nestes países, maior taxa de contágio entre jovens, e melhorias nos protocolos de tratamento.

Curvas epidemiológicas de casos e mortes por covid-19 na França

Números

A França passa por um salto no número de contágios e mortes. No pico da primeira onda, eram registrados, em média, 5 mil casos de covid-19 por dia. Agora, os números diários superam com facilidade os 20 mil, alcançando o pico de 86 mil novos casos em 24 horas, no dia 11 de novembro.

Em relação às mortes, a França registrava, em abril, média de 800 óbitos por dia, com picos que chegaram a 1.400. Agora, em novembro, o país mostra crescimento progressivo, com média de 500 mortes por dia e picos de 1.200. A França figura como o quarto país com maior número de casos no mundo, atrás apenas de Estados Unidos, Índia e Brasil.

Outros países seguem o mesmo padrão, com menor intensidade. O Reino Unido também registra mais casos na segunda onda do que no primeiro semestre, com média de mortes em torno das 700 em abril e, agora, 400 por dia. Na Espanha, mesmo cenário: 750 mortes em média no primeiro semestre e 300 na segunda onda, que segue tendência de crescimento.


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