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Dez capitais mostram tendência de crescimento de síndrome respiratória provocada por covid-19, diz Fiocruz

Estudo alerta que, apesar de queda de casos e mortes, situação em cidades como Florianópolis e Fortaleza podem indicar ameaça de retomada da covid-19

NAILANA THIELY/ ASCOM UEPA
NAILANA THIELY/ ASCOM UEPA
Pela primeira vez, desde 1998, a porcentagem de pessoas vivendo na extrema pobreza aumentou, de 8,4% em 2019 para 9,5% em 2020. Cerca de 90% dos países ainda relatam problemas diversos nos serviços de Saúde

São Paulo – A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou hoje (30) seu mais recente boletim InfoGripe, que revela tendências de disseminação de vírus no país. O estudo aponta para o crescimento da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) em 10 capitais brasileiras. A Srag tem como principal agente, neste ano, a covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.

Dos resultados positivos para Srag, 97,7% são consequência da covid-19, aponta o estudo. A análise compreende o período entre os dias 18 e 24 de outubro. Das 27 capitais, apenas sete apresentaram tendência de queda nos indicadores de casos e mortes. As cidades com forte tendência de crescimento são: Aracajú, Florianópolis, Fortaleza, João Pessoa, Macapá, Maceió e Salvador. Belém, São Luís e São Paulo mostram crescimento moderado.

De acordo com boletim do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) divulgado hoje (30), o Brasil tem 159.477 mortos por covid-19; sendo 508 nas últimas 24 horas. Já o número de novas infecções cresceu 22.282 no período, totalizando 5.516.558 desde o início do surto, em março. “O pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, observa que 20 das 27 capitais apresentam sinal de estabilidade ou crescimento na tendência de longo prazo”.

Função da ciência

O estudo reflete tendências, e não a realidade momentânea, como afirma o texto divulgado pela Fiocruz. “O cenário nacional sugere que os casos notificados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) e de Covid-19, independentemente de presença de febre, apresentam tendência de queda mas com ocorrências muito altas.” Prever cenários para preparar ações é uma das principais funções da epidemiologia.

Cientistas evitam falar em uma segunda onda no Brasil, já que o país sequer superou a primeira. A queda no número de casos e mortes observada no último mês não foi suficiente para a superação do impacto. Sem medidas de controle, como distanciamento social, o Brasil atingiu, após 13 semanas no pico da doença, uma estabilidade relativa da curva em um estágio mediano.

Entretanto, uma segunda onda se propaga com força pela Europa e Estados Unidos. Uma nova mutação do vírus circula entre os países e ameaça todo o mundo. A disseminação deste no Brasil pode provocar um novo aumento de casos e mortos. Enquanto isso, o país segue sem preparação adequada, de acordo com cientistas, com mortes naturalizadas.

O Brasil é o segundo país com mais mortes, atrás apenas dos Estados Unidos, mesmo sendo um dos que menos testa no mundo. A covid-19 deve encerrar o ano como a doença mais fatal no Brasil, superando cânceres e doenças cardiovasculares.