Pandemia

Brasil ultrapassa marca de 140 mil mortos. Desigualdade é fatal

Com o acréscimo de 729 novas vítimas nesta sexta-feira (25), o Brasil chega a 140.537 mortos pela covid-19

Rio da Paz/Divulgação
Rio da Paz/Divulgação
Bolsonaro foi alvo de diversas manifestações contra sua política e em respeito aos mais de 700 mil mortos

São Paulo – O Brasil registrou nesta sexta-feira (25) 729 mortos pela covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. Com o acréscimo, o país ultrapassou a marca de 140 mil vítimas, totalizando 140.537 desde o início da pandemia, em março. O balanço é divulgado diariamente pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

Já o número de novos infectados foi de 31.911, totalizando 4.689.613. Os números no Brasil de covid-19 seguem a média das últimas três semanas, que apresentaram um breve recuo em relação às 12 semanas anteriores. Durante esse período, o Brasil registrava mais de mil mortes por dia e 40 mil novos doentes. Agora, a média está em 800 vítimas diárias e 30 mil casos.

Os números são passíveis de ampla subnotificação. O Brasil é um dos países que menos testa no mundo, cerca de 8,5% da população. Contudo, é o segundo país mais afetado pela covid-19 no mundo em relação ao número de mortos, atrás apenas dos Estados Unidos, que testa até 100 vezes mais. Já em relação ao número de casos, o posto de epicentro da pandemia está, nas últimas semanas, com a Índia, país com 6,5 vezes mais pessoas que o Brasil.

Covid-19 e desigualdade

Entre os principais fatores que marcam a história da pandemia de covid-19 está a desigualdade. Como já revelado pela RBA, o vírus mata muito mais em regiões mais pobres. Esse fator é comum em toda a América Latina, como revelaram cientistas de seis países do continente em encontro virtual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Para o infectologista professor emérito da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) César Victoria, um dos pontos principais que impactam nas diferenças é a condição de moradia. Em muitas vezes, pessoas com menor renda vivem em residências compartilhadas, o que amplia o cenário de contágio.

“A prevalência da doença entre os pobres supera em mais que o dobro a dos ricos, evidenciando condições desfavoráveis, como excesso de pessoas vivendo na mesma casa e falta de estrutura para higiene”, disse. O pesquisador foi idealizador e coordenador da pesquisa Epicovid, um amplo estudo sobre a proliferação da doença.

O pesquisador ainda revelou que a falta de ações do presidente Jair Bolsonaro também foram definitivas para o fracasso no combate à covid-19. Além disso, a postura anticientífica do político e de seus seguidores impacta negativamente em cenários futuros. “Não há ação, o presidente está sempre fazendo propaganda de medicamentos, não usa máscara e o mais crítico é que ainda não temos vacina, mas já há uma campanha contra”, disse.

Assista à íntegra do debate intitulado “A Situação da Pandemia da Covid-19 na América”. Além do brasileiro, participaram cientistas da Argentina, Bolívia, Panamá, Venezuela e Colômbia.