subnotificação grave

Governo Covas não registrou 84% dos casos de covid-19 em São Paulo

Pesquisadores da USP e da Unifesp, com apoio de laboratórios privados e do Ibope, estimam que 1,5 milhão de pessoas já tiveram covid-19 em São Paulo

Breno Esaki/Agência Saúde
Breno Esaki/Agência Saúde
Pesquisa aplicou dois tipos de testes rápidos e detectou subnotificação de mais de 80% no casos de covid-19 em São Paulo

São Paulo – A subnotificação de casos de covid-19 em São Paulo está em torno de 84%. É o que aponta a terceira fase de um mapeamento organizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal (Uniesp), em parceria com laboratórios privados e o Ibope Inteligência, realizada no final de julho. Foram colhidos exames de 1.470 pessoas, e 17,9% tiveram resultado positivo para anticorpos de coronavírus, o que equivale a dizer que 1,5 milhão de pessoas adultas já foram contaminadas na capital paulista.

Como não contabiliza os casos leves, a Secretaria Municipal da Saúde registra somente 246.730 casos confirmados, cerca de 16% do total estimado pelo mapeamento. No final de julho, a capital paulista registrou aumento de 74% nos novos casos de covid-19.

O diferencial desta pesquisa é que ela aplica dois tipos de teste sorológicos para detecção do coronavírus. Com isso, os pesquisadores esperam reduzir uma margem significativa de subestimação de casos, na casa de 50%. Por esse motivo os dados apontam uma prevalência da covid-19 na população superior à detectada pela prefeitura de São Paulo no inquérito sorológico municipal, que ficou na casa de 11% da população.

Ainda de acordo com os pesquisadores, os dados apontam que não houve aceleração da pandemia, com pouco crescimento dos casos de covid-19 em São Paulo no intervalo entre a segunda e a terceira fase da pesquisa.

Perfis

O estudo detectou significativa diferença entre os perfis de pessoas contaminadas pela covid-19. Nos bairros mais ricos, o percentual de pessoas com teste positivo foi de 9,4%. Nos bairros mais pobres, esse índice ficou na casa de 22%. A prevalência também é maior entre negros e pardos (20,8%) do que entre brancos (15,4%).

Em São Paulo, covid-19 mata 2,7 vezes mais em bairros pobres

As mulheres apresentaram mais contaminação do que os homens: 18,4% e 17,8%, respectivamente. Em relação à escolaridade, a população com formação até o ensino fundamental representou 46,2% dos testes positivos. Com ensino médio, 17,5%. E com ensino superior, 12%.

Embora as pessoas com 60 anos ou mais sejam as principais vítimas fatais da covid-19, a prevalência entre elas é mais baixa: 15,8%. De 50 a 59 anos, 17,8%. De 40 a 49 anos, 22%, de 30 a 39 anos, 15,8% e de 18 a 29 anos, 19,2%.

É oficial: Brasil passa dos 100 mil mortos pela covid-19


Leia também


Últimas notícias