Ao antecipar compra de todas as vacinas ainda em teste, EUA comprovam: cloroquina não funciona
Para o biólogo Atila Iamarino, se a cloroquina funcionasse, o governo Trump compraria todos os estoques mundiais em vez de mandar comprimidos para o Brasil
Publicado 22/07/2020 - 19h08
São Paulo – O anúncio da compra pelos Estados Unidos de todas as doses de vacinas contra a covid-19 que os laboratórios Pfizer e BioNTech prometem produzir em 2020 é a maior prova de que a cloroquina não funciona, afirma o biólogo Atila Iamarino. “A maior prova de que cloroquina não funciona é que (os Estados Unidos) não compraram os estoques mundiais. Pelo contrário, mandaram para cá”, comentou o cientista em seu Twitter.
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Conforme anúncio feito hoje (22), os Estados Unidos vão desembolsar US$ 1,95 bilhão por 100 milhões de doses. O pagamento será feito após a aprovação das vacinas pela agência reguladora de medicamentos e alimentos daquele país, a FDA. O acordo prevê ainda a entrega de até 600 milhões de doses aos Estados Unidos ao longo do próximo ano. Segundo os laboratórios, que anunciaram resultados positivos de uma vacina produzida em conjunto, não há condições de produzir mais doses além das adquiridas pelo governo de Donald Trump.
Cloroquina de Trump
Trump doou ao amigo e garoto-propaganda da cloroquina, Jair Bolsonaro, cerca de 3 milhões de comprimidos de sua versão menos tóxica, a hidroxicloroquina. Sem eficácia e segurança comprovadas no tratamento da covid-19, o medicamento chegou ao Brasil em frascos de 100 comprimidos – o que representa um gasto, já que deverão ser divididas em caixas com a quantidade indicada para o tratamento. O Ministério da Saúde já avisou que o custo dessa operação ficará por conta dos estados.
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Em meados de junho, Trump disse que continuará mandando hidroxicloroquina ao Brasil, apesar de a agência de vigilância sanitária ter revogado a autorização emergencial para seu uso no tratamento de covid-19. Em entrevista, afirmou que “não sabia” sobre o relatório da FDA . “Muita gente me diz que isso poderia salvar vidas”, disse.