Risco futuro

Especialistas apontam sequelas em pacientes de covid-19

Médicos explicam que vírus age de maneira destrutiva, resultando em fibrose para alguns casos

Mateus Pereira/GOVBA
Mateus Pereira/GOVBA
Brasil é o segundo país com mais mortos no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Isso, sem contar com ampla subnotificação, já que o país é um dos que menos testa da comunidade internacional

São Paulo – Parte dos pacientes atingidos pelo novo coronavírus não sofre apenas durante a infecção, mas também no pós-covid. Segundo especialistas, o vírus pode deixar sequelas graves no pulmão, como a fibrose.

Ao GGN, a médica do HCor, em São Paulo, e pesquisadora da Coalizão COVID Brasil Letícia Kawano afirma que há relatos de formação de cicatrizes em áreas do pulmão destruídas pela ação do vírus, ou outras lesões. Ela acredita que muitas pessoas ainda vão morrer após a alta no hospital, já que as condições das sequelas da covid-19 são complicadas.

“Ele pode sair com necessidade de diálise, sem conseguir andar direito, com necessidade de reabilitação motora, com gastrostomia, então precisa fazer tratamento para conseguir comer pela boca”, afirmou Letícia. É um processo de reabilitação muito longo”, acrescentou.

O médico pneumologista Fred Fernandes, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), observa que o contexto atual do Brasil dificulta o esforço no tratamento do pós-covid, já que a curva de casos ainda segue crescendo. “É preciso pensar em um plano de acolhimento e seguimento dos muitos casos de doença pulmonar pós-covid. Assim como a doença aguda a fase pós recuperação tem muitas apresentações. Tosse, cansaço, dispneia, chiado tipo asma. Tudo que precisa de diagnóstico e tratamento adequado”, disse nas redes sociais.

Fibrose

As sequelas da covid-19 são dividas em dois grandes grupos: um que é diretamente relacionado à agressão do vírus; e o outro é consequência do paciente ficar criticamente enfermo e precisar de suporte de UTI, de acordo com a médica do HCor.

Ela explica que, ao contrair o vírus, o pulmão de alguns pacientes passa por uma “destruição” e a cicatrização forma a fibrose. A sequela deixada reduz a capacidade respiratória do paciente. “A fibrose dificulta a função de troca gasosa e deixa o pulmão mais duro. Difícil de expandir”, acrescenta Fred.

Letícia afirma ainda que problema da fibrose no pulmão é que ela não fica como na pele, como uma cicatriz parada para sempre. “No pulmão, ela progride, porque o pulmão não é um órgão estático, ele está sempre fazendo a movimentação da respiração. Se o paciente já sai do hospital com limitação e ainda tem uma doença progressiva, a solução dele é o transplante, se não for morrer”, disse ao GGN.


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