Desastroso

Cidades onde Doria autorizou maior flexibilização têm alta nas mortes pela covid-19

Governador paulista tinha liberado maior flexibilização em quatro regiões, com abertura de shoppings, bares, restaurantes e salões de beleza

GovSP
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Doria e o vice-governador, Rodrigo Garcia, ignoraram pedidos de lockdown de prefeitos de várias cidades paulistas

São Paulo – Quatro regiões em que o governador paulista, João Doria (PSDB), autorizou uma maior flexibilização na quarentena registraram aumento nas internações e mortes causadas pela covid-19 e vão passar a uma quarentena mais restritiva a partir da próxima segunda-feira (15). As regiões de Barretos, Presidente Prudente, Bauru e Araraquara, que englobam 133 cidades, foram direto da fase 1-vermelha do Plano São Paulo, em que só podem funcionar os serviços essenciais, para a fase 3-amarela, e foram autorizadas a abrir shoppings, comércios em geral, bares, restaurantes, salões de beleza e escritórios.

Para embasar as decisões, o governo Doria criou a chamada taxa de variação do número de mortes: pega-se o total de óbitos em uma semana e divide-se pelo da semana anterior. Se o resultado for maior que 1, é porque os óbitos aumentaram. As regiões que agora terão de retomar a rigidez no isolamento tinham uma taxa de variação do número de mortes menor que 1 há duas semanas.

Hoje estão todas acima de 1,5. Araçatuba chegou a 2,25 e Barretos, a 2. Além disso, Ribeirão Preto, que estava na fase 2-laranja, também teve aumento nas mortes e a taxa de variação chegou a 2. As regiões de Presidente Prudente, Barretos e Ribeirão Preto vão passar para a fase 1-vermelha. E as de Bauru e Araraquara para a fase 2-laranja. Já o litoral sul e a Grande São Paulo passam para a fase 2-laranja do Plano São Paulo. A capital paulista mantém o status.

As regiões que apresentaram piora no índice de mortes têm taxas baixas de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva e boas taxas de leitos de UTI por 100 mil habitantes – que os colocariam na fase 4-verde do Plano São Paulo.

Esses critérios foram alargados por Doria para garantir que a maior parte do estado estivesse em condições de iniciar a flexibilização. Antes, o Comitê de Contingência do Coronavírus de São Paulo defendia que a flexibilização só poderia ocorrer se a ocupação de UTI estivesse abaixo de 60% e o número de leitos por habitantes não era considerado.

A ocupação de leitos de UTI na região de Barretos é de 27%. Em Araraquara é de 34%. Em Presidente Prudente, 52%. Em Bauru é de 56%. A taxa mais alta é de Ribeirão Preto, com 60% de ocupação. O que indica que o argumento usado por Doria, de que aumentou o número de leitos de UTI para garantir atendimento a todos que precisarem, não é uma garantia absoluta de segurança em relação à doença.

Hoje, a taxa de ocupação de UTI no estado é de 69,1%, subindo para 76,6% na Grande São Paulo. Embora o percentual de ocupação tenha caído, devido a abertura de leitos pelo governo estadual, o número de pessoas que necessitam de internação aumentou em relação a quarta-feira passada (3). Eram 11.959 pessoas internadas, sete dias atrás, ante 13.076 hoje – aumento de 9,34%. São Paulo tem 156.316 casos de covid-19 e 9.836 mortes.

Edição: Fábio M Michel


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