Vírus censurado

Sem divulgação pelo governo, Brasil chega a quase 36 mil mortes pela covid-19

Ministério da Saúde não divulga mais o total de óbitos decorrentes do coronavírus, que chega a 35.930, com 672.846 casos confirmados

Andrés Díaz
Andrés Díaz
Quase 70% das mortes pela covid-19 no Brasil ocorreram após a flexibilização das medidas de isolamento social

São Paulo –  O Ministério da Saúde confirmou na noite deste sábado (6) a 27.075 novos casos e 904 óbitos decorrentes da covid-19 nas últimas 24 horas de registro. No entanto, pelo segundo dia consecutivo, não realizou a divulgação da totalização de mortes.

Agora, são 35.930 mortes e 672.846 pessoas contaminadas pelo coronavírus no país. São Paulo é o estado com maior número de casos, ultrapassando os 140 mil confirmados, além de 9.058 óbitos. No Rio de Janeiro, 6.639 pessoas já morreram pela covid-19 e, em seguida, vem o Ceará, com 3.965 mortes.

Ontem, a página do Ministério da Saúde com dados relativos à pandemia de coronavírus no Brasil ficou fora do ar durante boa parte do dia, e voltou modificada no fim da tarde. O site retornou trazendo somente informações sobre casos de pessoas recuperadas de covid-19, de novas contaminações e óbitos no período das últimas 24 horas avaliadas, sem o balanço total.

Mudança na divulgação de dados da covid-19 pode ser ilegal

As mudanças promovidas na divulgação pelo Ministério da Saúde causaram reações. O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento extrajudicial para apurar as motivações da pasta ao excluir o número total de óbitos, com um prazo de 72 horas para o ministro interino da Saúde, general do Exército Eduardo Pazuello, enviar informações relativas ao assunto. Ele também deverá explicar se houve outras modificações e subtrações de dados públicos.

Na noite de ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes também mostrou indignação em relação à iniciativa do governo. “A manipulação de estatísticas é manobra de regimes totalitários. Tenta-se ocultar os números da #COVID19 para reduzir o controle social das políticas de saúde. O truque não vai isentar a responsabilidade pelo eventual genocídio. #CensuraNao #DitaduraNuncaMais.”

Em seu perfil no Twitter, a advogada em direitos humanos, professora de direito e pesquisadora sobre o Supremo Tribunal Federal na Fundação Getúlio Vargas, Eloísa Machado, pontuou a ilegalidade da medida. “Esconder os dados é ILEGAL e Ministro deve ser responsabilizado. Art. 6º §2º da Lei 13.979/2020: ‘O Ministério da Saúde manterá dados públicos e atualizados sobre os casos confirmados, suspeitos e em investigação, relativos à situação de emergência pública sanitária'”, publicou.


Leia também


Últimas notícias