mais mortes

Brasil tem 53.830 mortos, sem contar a subnotificação

Estudos mostram que pandemia do novo coronavírus voltou a crescer no país. E que número de casos e mortos superam em muito os números oficiais

Paula Fróes/GOVBA
Paula Fróes/GOVBA
Número de mortos é alto no Brasil. Longe do controle da pandemia, recomendação da ciência é o isolamento social

São Paulo – O Brasil vive o retorno do crescimento da pandemia de covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. Após três semanas de relativa estabilidade, o número de casos voltou a crescer, estimulado pela interiorização do vírus e pelo relaxamento precoce de medidas de isolamento social. Os números divulgados hoje (24) são do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Nas últimas 24 horas, foram 42.725 casos confirmados da doença, o que soma 1.188.631 doentes desde o início da pandemia, em 26 de fevereiro. Já o número de mortos teve mais um dia acima da casa do milhar: foram 1.185 mortes confirmadas. Já são 53.830 vidas brasileiras ceifadas pelo novo coronavírus.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) havia dito que a pandemia do coronavírus no Brasil parecia regredir sua velocidade, mas recomendou cuidado e manutenção do isolamento social. Isso porque o país nunca deixou o pico registrado até então. Atual epicentro da pandemia no mundo – por incidência diária de adoecimentos e óbitos –, o Brasil está atrás apenas dos Estados Unidos em números absolutos.

Enquanto a pandemia segue seu curso de destruição, o desastre parece naturalizado, criticam epidemiologistas. Pessoas morrem em grande número, enquanto a pauta única parece ser a reabertura e retorno à “normalidade”. De fato, a maioria das cidades brasileiras, como todas as capitais do Sul e Sudeste, nem sequer adotaram medidas rígidas, como o chamado lockdown.

Subnotificação

A subnotificação no país é realidade tanto em relação ao número de doentes quanto ao de mortos. De acordo com o mais recente estudo da Imperial College, instituição britânica de pesquisa sobre epidemiologia, o Brasil voltou, após um breve período, a apresentar elevação da taxa de contágio. O estudo revelou que o crescimento segue fora de controle.

O epidemiologista e divulgador científico Atila Iamarino explica que o cenário é mais grave do que apontam os números. “Temos por volta de 6 a 12 ou 13 milhões de casos de covid-19 no Brasil. É muita gente, mas ainda quer dizer que existem muitos brasileiros vulneráveis. Sobre óbitos, temos mais de 50 mil registrados; outra estimativa muito abaixo do que imaginamos.”

O epidemiologista ainda lembra que existe um atraso na contabilidade das mortes e casos, tanto por lentidão no sistema de saúde, quanto em razão de que o vírus pode ficar sem sintomas por até duas semanas em um indivíduo.

“As estimativas de mortos em excesso, que não são contabilizadas mas que não sabemos explicar o motivo, mas que acontecem acima do esperado para o período do ano, giram em torno de 20% a 60% do que registramos oficialmente para a covid-19. Ainda temos o atraso dos registros em cartórios que juntos devem dizer que atingimos esta marca de 50 mil no mês de maio”, completou.

Coronavírus no Brasil – Painel do Conass


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