Covid-19 faz mais 615 mortos em 24 horas no Brasil. Ministério já admite ‘lockdown’
“A medida é consequência natural. Vai ter lugar em que o lockdown será necessário? Vai”, admitiu o ministro da Saúde, Nelson Teich
Publicado 06/05/2020 - 19h41
São Paulo – Em novo “recorde”, o Brasil registrou hoje nesta quarta-feira (6) 615 mortes pela covid-19, a infecção respiratória causada pelo novo coronavírus. É o segundo dia consecutivo em que o país passa a casa de 600 óbitos pela doença, que segue sua curva epidemiológica em movimento ascendente. As informações foram dadas pelo Ministério da Saúde.
Agora com 8.536 mortos, o Brasil já é o sexto país do mundo em número absoluto de óbitos. O total de casos oficialmente registrados também deu salto “preocupante” no período. Foram 10.381 novos doentes confirmados em apenas um dia. De acordo a pasta, 125.096 pessoas já foram infectadas pelo novo coronavírus. Outras 48,2 mil pessoas foram contaminadas, mas se curaram. A letalidade da doença é de 6,8% dos casos.
Com a curva epidemiológica em franca ascensão, o Brasil passa a ser o possível novo epicentro da doença no mundo. Já a subnotificação segue sendo realidade admitida pelo próprio ministério. O país não realiza uma quantidade adequada de testes, o que pode significar que o vírus está muito mais disseminado entre os brasileiros do que os registros oficiais apontam.
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Lockdown
Diante da iminência de um cenário trágico, o Ministério da Saúde já começa a admitir que o lockdown provavelmente será adotado. “É possível entender o que acontece em cada lugar. A medida é consequência natural. Vai ter lugar em que o lockdown será necessário? Vai. Vai ter lugar para flexibilização? Vai”, disse o ministro da Saúde, Nelson Teich, em entrevista coletiva.
O lockdown já foi adotado no Maranhão, de maneira preventiva, pelo governador Flávio Dino (PCdoB). O Pará também anunciou por meio do governador Helder Barbalho (MDB), a dura medida restritiva em cidades em que o sistema de saúde já não suporta a quantidade de doentes. Entre os municípios mais afetados, estão Belém e Manaus, que já apresentam colapso nos sistemas funerário e de saúde, Rio de Janeiro e São Paulo.
Epicentro
O estado com maior número de casos é São Paulo – que, com 37.853 infectados confirmados e 3.045 mortes, estuda o endurecimento de medidas de isolamento, para tentar conter um cenário de caos. Mais de 86% dos leitos de UTIs da Grande São Paulo estão ocupados, enquanto o isolamento social vem sendo negligenciado pela população. Com meta de 70% de pessoas em casa, nesta semana o estado conseguiu apenas 47% de adesão.
Na sequência vem o Rio de Janeiro. Com problemas relativos à capacidade hospitalar, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recomendou hoje a adoção do lockdown em diversas cidades fluminenses. São 13.295 doentes confirmados e 1.205 mortos. Depois vêm o Ceará (12.304 doentes e 848 mortos), Pernambuco (9.881 e 803, respectivamente) e Amazonas (9.243 e 751).