Inimigo oculto

Poluição atmosférica torna população mais suscetível ao coronavírus

Estudos mostram que cidades na China e Itália elevaram casos de infecção por causa da qualidade do ar

Govesp
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Com o isolamento social e as pessoas saindo com menos frequência, a poluição do ar diminuiu em São Paulo

São Paulo – A poluição do ar, um dos grandes problemas das cidades grandes, pode ser um agravante da infecção por Covid-19, já que prejudica os pulmões das pessoas. De acordo com especialistas, pessoas que vivem em ambientes poluídos podem apresentar pré-disposição ou deficiência respiratória.

O professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, Nelson Gouveia, menciona estudos evidenciando a correlação entre poluição e as taxas de mortalidade pelo coronavírus.

“Onde há mais poluição, a mortalidade por covid-19 está maior. Quando tivemos a epidemia de Sars, em 2008, isso também foi evidenciado. É fato de que lugares com maiores níveis de poluição do ar, o risco de mortalidade também é maior”, alerta Nelson, em entrevista à jornalista Larissa Bohrer, da Rádio Brasil Atual.

Segundo reportagem da DW, na cidade chinesa de Wuhan e no norte da Itália, locais com altos níveis de poluição e infecção pelo novo coronavírus, dados preliminares sugerem que o chamado “material particulado” pode ter influenciado na sobrecarga dos sistemas de saúde. As partículas inaláveis finas (MP2,5), ou seja, aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor ou igual a 2,5 micrometro – mais fino que a espessura de um fio de cabelo – podem penetrar profundamente no sistema respiratório e atingir os alvéolos pulmonares, aumentando o risco de uma pessoa desenvolver doenças cardíacas e respiratórias.

Com o isolamento social e as pessoas saindo com menos frequência, a poluição do ar diminuiu. A meteorologista da Climatempo Josélia Pegorim analisa a mudança. “Em termos de meteorologia, sim, estamos vendo uma redução relevante na poluição no ar, por causa da diminuição da atividade humana, com menos carros nas ruas e atividade de fábricas”, explica ela.

Entretanto, a poluição abaixo do normal não ajuda muito, destaca o professor da USP. Na avaliação dele, o ideal seria o nível ser mais baixo naturalmente. “Diminuiu agora, isso é bom, mas não resolve o problema. A gente precisaria que esses níveis se mantivessem, o que protegeria a saúde da população. Porém, a melhor medida de prevenção agora é ficar em casa”, acrescenta o professor.

Dona Pedrina, de 78 anos, moradora da zona norte de São Paulo, comenta que notou uma melhora na qualidade do ar. Ela disse que segue as recomendações e está em casa. “Estou sentindo um ar melhor, mais fresco, a respiração é outra. De noite, é possível ver mais estrelas pela janela.”

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