Dados da pandemia

Internações por doenças respiratórias graves superam média dos últimos anos

Relatório do sistema InfoGripe aponta para tendência de aceleração nas notificações de todo o país. Números de casos já ultrapassam dados de 2016, quando houve pandemia de H1N1

Marcello Casal Jr./EBC
Marcello Casal Jr./EBC
Desde o dia 21 de janeiro o Brasil tem média de mortes acima de mil por dia, números semelhantes ao pior momento da pandemia até então, registrado entre junho e setembro

São Paulo – Há uma tendência de aceleração no crescimento das internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em todo o Brasil. É o que indica o novo relatório semanal do sistema InfoGripe, iniciativa que monitora os estados e apresenta os níveis de alerta de casos reportados da doença ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). 

A avaliação da situação epidemiológica do país, entre os dias 19 a 25 de abril, revela que todas as regiões seguem na zona de risco e com atividade semanal muito alta para SRAG. Mas que a incidência de casos e óbitos é sobretudo maior nas regiões Norte e Nordeste. A doença é listada como uma das principais complicações causadas por vírus, entre eles, o novo coronavírus (Sars-CoV-2) e o Influenza (H1N1). 

De acordo com relatório, ao todo, foram reportados 44,7 mil casos de SRAG neste ano. Desse montante, 11,3 mil deles testaram positivos para algum vírus respiratório, outros 14,8 mil ainda aguardam pelo resultado. Entre os positivos, 6,9% foram Influenza do tipo A, 3,6% Influenza B, 3,9% vírus sincicial respiratório e 77,5% para o vírus da Covid-19. 

O coronavírus também foi o principal responsável pelas complicações que levaram a óbito. Do total de 5.580 mortes em decorrência da síndrome, 92,7% testaram positivo para a Covid-19. A plataforma, no entanto, estima que o número de casos e de mortes possa ser ainda maior. Devido ao atraso na inserção dos dados no sistema, o InfoGripe avalia que total atualizado seja em torno de 62,6 mil casos e de 7 mil óbitos. 

Situação é preocupante

À Agência de Notícias da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, afirmou que a situação é “particularmente preocupante”. “Tanto em número de casos, quanto em óbitos por SRAG, mesmo sem levar em conta o atraso de notificação, nós já estamos, em 2020, oficialmente acima dos totais de 2019 e 2016. Isto é particularmente preocupante pois 2016 foi o pior ano desde 2009, quando houve a pandemia de H1N1”, destacou. 

Além de exigir internação, a síndrome respiratória aguda grave também inclui como sintomas febre, tosse seca, dor de cabeça, dores musculares e dificuldade para respirar. 

O boletim ainda chama atenção para a retomada da aceleração dos casos. Segundo os dados, houve uma explosão da doença entre os dias 8 a 21 março, mas o crescimento de casos começou a ocorrer em ritmo menor depois do dia 22 de março a 4 abril, em consequência das medidas de isolamento social. Mas, desde então, as notificações voltaram a se acelerar. Para os pesquisadores, contudo, é preciso cautela na interpretação desses dados devido ao atraso de digitação observado. 

A Fiocruz, que atua em parceria com o sistema InfoGripe, destaca também que, diante do panorama apresentado, o recomendado é a manutenção das medidas de isolamento social “para evitar demanda hospitalar acima da capacidade de atendimento”. O boletim ressalta que a própria mensuração dos dados pode ser prejudicada com a saturação do sistema de saúde. 


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