nova frente

França e Suíça testam anticoagulantes em mais de mil pacientes de covid-19

Há evidências de que o medicamento ajude a desfazer coágulos formados nos micro vasos sanguíneos que irrigam o pulmão e outros órgãos vitais

Reprodução
Reprodução
Após a pior semana de novos casos e mortos, poder público insiste em afrouxar a cada dia medidas de isolamnento

São Paulo – Depois que estudos liderados pelo cientista Ning Tang, da Universidade de Ciência e Tecnologia Huazhong, em Wuhan, na China, descreveram que mais de 70% dos mortos por covid-19 apresentavam evidências de coágulos nos vasos sanguíneos, os anticoagulantes tornaram-se uma esperança a mais, enquanto os laboratórios desenvolvem uma vacina.

A terapia passou a ser utilizada em alguns casos mais graves porque, nesses pacientes, há evidências de que ajude a desfazer coágulos formados nos micro vasos sanguíneos que irrigam o pulmão e outros órgãos vitais – o que agrava ainda mais o quadro de dificuldades respiratórias.

Medicamento usado principalmente na prevenção da trombose e no tratamento de embolia pulmonar, problemas coronarianos e infarto, a heparina (nome genérico do anticoagulante) está sendo usada em protocolos de pesquisas no tratamento de covid-19 em diversos países.

De acordo com o site ClinicalTrials.gov, vinculado aos Institutos de Saúde dos Estados Unidos (NIH, da sigla em inglês), há atualmente pelo menos dois grandes estudos em andamento na Europa.

Na França, um estudo clínico que envolve 808 pacientes vai avaliar a eficácia e a segurança da anticoagulação em pacientes com infecção pelo novo coronavírus. São pessoas internadas no hospital-escola Cochin, no Europeu Georges Pompidou e no Hospital de Paris, ambos públicos e localizados na capital francesa, e o hospital universitário Louis-Mourier, em Colombes.

Segundo o ClinicalTrials, o estudo teve início no último dia 20 e seu término está previsto para 30 de setembro.

Em Genebra, na Suíca, 200 pacientes de covid-19 internados em hospitais universitários na cidade participam de um estudo cujo objetivo é prevenir a trombose associada à doença causada pelo novo coronavírus, bem como avaliar doenças causadas por coágulos sanguíneos e a mortalidade com uso de anticoagulante em baixas e altas doses de heparina. Iniciado no dia 14 deste mês, o estudo deve terminar em 30 de novembro.

No Brasil também há protocolos, mas em número bem menor. Reportagem publicada nesta quarta-feira (22) pelo site Uol mostrou que o Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, tem encontrado resultados animadores no uso de anticoagulante na covid-19. Segundo a pré-publicação de um estudo realizado por especialistas do hospital – que ainda não publicado em periódico científico, com a revisão por pares – a autópsia em dez vítimas fatais revelou menos poucos e pequenos focos de hemorragia alveolar. Além disso, não foram observadas a falta de irrigação nos pulmões e sinais de pneumonia bacteriana secundária só foram observados em apenas seis casos.

Ao Uol, a pneumologista Elnara Marcia Negri, coautora do estudo, disse houve bons resultados com um grupo de pacientes que apresentava casos mais graves. “Agora esperamos ter mais pacientes – pelo menos cerca de 100 – e em mais centros. A ideia é fazer mesmo um guideline, manual de como usar um anticoagulante na covid-19″.