Na China

Cientistas encontram sinais de coronavírus no ar em locais próximos a hospitais

Descoberta alerta para a possibilidade de o vírus se espalhar também pelo ar, aumentando o risco de contágio e a necessidade das medidas de isolamento social e higienização dos ambientes

Marcello Casal Jr./EBC
Marcello Casal Jr./EBC
Estudo também mostra relação entre rigor na desinfecção de áreas dos hospitais com uma menor concentração do vírus no ar

São Paulo – Partículas em suspensão do novo coronavírus, em aerossol, foram detectadas no prédio e nos arredores de dois hospitais de tratamento da covid-19 em Wuhan, na China. Publicada nesta segunda-feira (27) na revista Nature, a descoberta alerta para a possibilidade de o vírus se espalhar também pelo ar, aumentando o risco de contágio. 

Ao todo, pesquisadores da Universidade de Wuhan coletaram 40 amostras do ar de 31 lugares, entre fevereiro e março. E encontraram uma concentração maior de Sars-CoV-2 – nome científico dado ao coronavírus – principalmente nos banheiros das duas unidades médicas dedicadas ao tratamento da doença, onde a ventilação é menor e a concentração de partículas em suspensão é mais densa. Assim como nas salas usadas pelas equipes médicas para retirada do material de proteção. 

A concentração do vírus foi menor, no entanto, nas enfermeiras. A hipótese dos pesquisadores é de que esses locais sejam mais ventilados e constantemente desinfectados. O estudo também mostra que mesmo nas imediações de prédios residenciais e supermercados, próximos aos hospitais, foram encontradas evidências do vírus em suspensão, mas em quantidades menores. 

Em entrevista à Rádio Brasil Atual, o professor do Departamento de Geografia e do programa de pós-graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Ribeiro destaca que a descoberta adverte quanto a “mais um cuidado de higienização, limpeza e remoção de pó” nas casas. “É um alerta importante que o estudo faz para que a gente tenha mais informação a levar em conta quando estamos falando de uma pandemia com essa capacidade de transmissão que estamos assistindo”, diz o geógrafo. 

O estudo agora se desdobra para entender o potencial da disseminação aérea na transmissão da doença, que ainda é incerta. Assim como por quanto tempo no ar, o vírus pode continuar sendo infeccioso. Até o momento, já está comprovado que a Covid-19 pode ser transmitida pelo contato próximo com uma pessoa com a doença, por meio de superfícies contaminadas ou inalação de gotículas respiratórios de indivíduos com o vírus. O que, segundo a pesquisa, reforça a necessidade das medidas de isolamento social e de higiene e ventilação. 

Ouça a entrevista da Rádio Brasil Atual


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