Alerta

Brasil soma 800 mortos. Sem isolamento, ‘não tem sistema de saúde que aguente’, diz Mandetta

Taxa de mortalidade chega a 5%. De acordo com o Ministério da Saúde, problema seria maior sem isolamento social

Paulo Donizetti de Souza/RBA
Paulo Donizetti de Souza/RBA
Muitas cidades estão relaxando e desleixo pode ser perigoso. Mercado Municipal da Lapa, em São Paulo, parece estar em dia "normal"

São Paulo – O Brasil chega a 800 mortos pela covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, segundo balanço, divulgado neste dia 8 de abril. O número de casos confirmados subiu 16% em um dia, chegando a 15.927. A taxa de mortalidade chegou a 5%, acima da média global.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, lembra que esses números refletem o passado. A doença fica por, em média, cinco dias sem manifestar sintomas, mas se espalhando entre as pessoas. Neste contexto, o isolamento social já se mostra eficiente. “Como foram semanas de diminuição de mobilidade social, esse número, que já chegou a 26%, agora diminuímos a velocidade.”

Entretanto, muitas cidades estão “relaxando” o isolamento. Tal desleixo pode ser perigoso, aponta o ministro. “Estamos começando a largar mão nos grandes centros. Muito cuidado. Esse número, se andar, vai para 30%, 50% em um dia. Não tem sistema de saúde que aguente”, disse, citando grandes movimentações em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.

O abandono do isolamento social vem sendo defendido pelo presidente, Jair Bolsonaro, que ridiculariza frequentemente a pandemia. O antagonismo de posições entre ministério e Planalto quase levou à demissão de Mandetta. “Tivemos dificuldades internas, isso é público. Mas estamos cientes do nosso papel nessa história”, disse o ministro.

Números

No estado de São Paulo chegou a 6.708 o número de casos e 428 mortes, mesmo com isolamento social e fechamento de comércio. O cenário poderia ser muito pior: o Instituto Butantan alerta para mais de 110 mil mortes em seis meses, mesmo com o isolamento. Poderiam ser mais de 220 mil.

Na sequência vem o Rio de Janeiro, que flexibilizou o isolamento em cidades sem casos – são 1.938 casos e 106 mortos. Em Minas Gerais, 614 casos e 14 mortes. No Espirito Santo, completando o Sudeste, 227 casos e seis mortos. A região concentra 59,6% dos casos de todo o país, com taxa de mortalidade de 5,8%.

O Nordeste concentra 17,7% do número de casos do país, com 2.825 doentes e 141 mortos. Destaque para a alta taxa de mortalidade em Pernambuco, mais de 10%, e para o Ceará, que concentra 1.291 casos, pouco menos da metade de todos os doentes na região, e 43 mortes.

No Sul, são 1.551 casos e 41 doentes. A região preocupa por ser a que concentra maior número de idosos no país. O Centro-Oeste tem 842 casos e 22 mortos. E o Norte tem 1.222 casos e 42 mortos. Preocupação maior com o Amazonas, que tem grande número de casos, 804 com 30 mortes, e concentra comunidades indígenas, que podem ser mais vulneráveis ao vírus.


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