Atenção especial

Governo de São Paulo diz não haver razão para pânico ‘neste momento’, e descarta veto a eventos

Manifestações dos dias 15 e 18 não estão proibidas, “neste momento”. Doria deu entrevista coletiva ao lado do prefeito Bruno Covas e do infectologista David Uip

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Doria afirma que até o momento estado confirmou 46 casos de pessoas com coronavírus

São Paulo – Eventos públicos – como os atos convocados por Bolsonaro a favor de seu governo, para o domingo dia 15, e pelos movimentos sociais e da educação que protestam contra o governo, no próximo 18 de março – não serão vetados pelo estado de São Paulo. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que não há nenhuma razão para pânico em relação à pandemia de coronavírus e que por isso não haverá vetos a
“eventos”. A entrevista coletiva de Doria foi concedida ao lado do prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB), e de uma equipe de secretários, profissionais e acadêmicos integrantes de um Centro de Contingência do Covid-19.

Na entrevista coletiva de Doria, houve ênfase go governador em diversos momentos na expressão “neste momento”, “hoje, 12 de março”. O infectologista David Uip, chefe do Centro de Contingência, afirmou que o coletivo reúne professores universitários experientes atuando com foco tanto na base histórica – baseada em experiências internacionais antigas sobre como lidar com pandemias e na história recente, sobre como a pandemia de coronavírus está sendo enfrentada nos principais países afetados.

“Não faz sentido fechar estado como São Paulo com 46 casos confirmados. Isso é hoje. Se amanhã considerarmos que é necessários, faremos”, ressaltou Uip. São Paulo é o estado com maior número de casos do país, que com 73 pessoas diagnosticadas. O médico afirmou que o estado e a capital atuarão de maneira integrada e anunciou que o principal público a receber atenção especial neste momento são as pessoas com mais de 60 anos, mais vulneráveis e mais suscetíveis a sintomas graves.


Mais vulneráveis

David Uip afirmou que o enfrentamento à pandemia será baseado na prevenção, com campanhas com orientação para evitar o contágio, e no enfrentamento aos casos mais graves da doença. O grupo projeta três cenários de contágio, que atingem 1%, 5% e 10% da população.

Desses, 80% devem ser de pacientes assintomáticos ou que apresentem sintomas leves. “O estado está pronto para qualquer nível de enfrentamento, em qualquer cenário. É obvio que as proporções vão sendo atingidas na medida da evolução da pandemia”, disse Uip.

Para os casos mais graves, ele afirmou que o estado conta com 100 mil leitos, entre hospitais públicos e da rede privada benemerente, e mais um total de 7,2 mil leitos de UTI. Ele também afirmou que São Paulo está pronto para somar mais mil leitos unidade intensiva – 600 no município e 400 no restante do estado – a partir de recursos que serão pleiteados junto ao governo federal.

Doria afirmou que o governo do estado dependerá do repasse de recursos do governo federal. O secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, deve se reunir com o ministro Henrique Mandetta, nesta sexta-feira (13) para apresentar as demandas por recursos.

Uip afirmou que o Centro deve fazer a gestão desses leitos espalhados por todo o estado, de hospitais públicos e privados, com o adiamento, ou até cancelamento, das cirurgias eletivas. “Os leitos serão destinados na medida da necessidade. Esta é uma pandemia que evolui. O que estamos dizendo no dia de hoje talvez seja diferente daqui um ou dois dias”, explicou.

A atenção especial, ressaltou Uip, deve ser com pacientes com mais de 60 anos, com doenças crônicas – cardiopatas, nefropatas e diabético, imunodeprimidos e em tratamento oncológicos. Para esse grupo, a recomendação é que evitem participar de aglomerações.

“A recomendação é para que ele se poupe e seja protegido, porque seguramente é uma doença que afeta essa população vulnerável, e protege a população jovem”, disse Uip. Ele destacou que, até o momento, não há registro de “morbidade e letalidade” na população jovem ao redor do mundo. 

Na entrevista, também foi anunciada que a secretaria estadual de saúde vai comprar 20 mil kits para o diagnóstico, que serão aplicados primeiro na “rede sentinela”, que reúne 114 postos que vão servir para monitor a circulação do vírus nos municípios. Esses kits também serão utilizado nos doentes internados graves e para a realização de pesquisa sobre a disseminação do vírus.