Segurança no trabalho

Coronavírus: profissionais da saúde denunciam falta de insumos em hospitais

De acordo com a presidenta do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-SP), muitas instituições não têm fornecido equipamentos de proteção. “Precisamos garantir o mínimo de segurança”

Fabio Rodrigues Pozzebom/EBC
Fabio Rodrigues Pozzebom/EBC
Situação de abandono dos profissionais de saúde pode estar relacionada com o crescimento dos afastamentos

São Paulo – Unidades hospitalares ainda negligenciam o fornecimento de insumos e materiais para a segurança dos profissionais de saúde, como denuncia a presidenta do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP), Renata Pietro, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual, nesta segunda-feira (23). 

De acordo com a presidenta da entidade, apesar das exigências feitas à secretaria estadual de Saúde e ao município, trabalhadores da área ainda se queixam do descaso, que continua mesmo diante da perspectiva de aumento na demanda por atendimento em função da pandemia de coronavírus – que deve crescer nas próximas semanas. “O que nós temos visto e recebido é que muitas das instituições não querem fornecer materiais para os profissionais”, confirma Renata. 

“A gente só vai vencer essa guerra juntos e para vencer esta guerra nós precisamos de armamento, que são os equipamentos de proteção individuais. Precisamos garantir, independentemente da rede, seja ela pública, privada ou filantrópica, o mínimo de segurança para que os nossos profissionais possam atuar e efetivamente colaborar nesse combate ao Covid-19”, ressalta. 

Na semana passada, quando outras entidades da categoria também denunciavam a falta de materiais, em nota à RBA a pasta estadual de Saúde afirmou ter feito um “reforço no estoque de insumos”. Renata acrescenta, no entanto, que para além dessa defasagem e da tendência de aumento dos casos apontada pelo Ministério da Saúde, os profissionais já têm que lidar com outras adversidades, que ficarão ainda maiores diante de um “cenário de exaustão, de luta e combate praticamente diário, o tempo todo, e com recursos humanos finitos”, como descreve. 

“Nós temos no estado de São Paulo aproximadamente 600 mil profissionais (de enfermagem); no país, 2 milhões de profissionais, e nós não sabemos ao certo quantas pessoas vão ser acometidas ou vão precisar desse cuidado (com a doença). Então o melhor que nós temos a fazer nesse momento é a prevenção”, diz, alertando para a importância de uma rede de proteção que dê suporte físico e mental a todos os profissionais, que vai desde médicos, enfermeiros, aos responsáveis pela higienização dos hospitais e locais de trabalho. 

“Quanto antes nós conseguirmos trabalhar essa questão da prevenção, a conscientização da população para que efetivamente fiquem em suas casas, melhor será o cenário para a nossa comunidade de profissionais da enfermagem. Porque se nós formos pensar em um cenário que essas pessoas também podem adoecer, quem é que estará na linha de frente para cuidar da gente?”, questiona a presidenta da Coren-SP. “Nós precisamos nos preocupar com essa condição porque o estresse não tem sido fácil, todo mundo está com muito medo, a população tem medo e os profissionais de saúde também têm”, finaliza. 


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