Saúde pública

Na luta contra a Aids, campanha oferece testes gratuitos para a população paulista

Ao todo, 640 municípios têm testes rápidos, convencionais e tratamento para a população pelo SUS. Proposta da campanha Fique Sabendo é fazer diagnóstico precoce, melhorar a qualidade de vida e combater epidemia e retrocessos

Secretaria da Saúde/Divulgação
Secretaria da Saúde/Divulgação
"Nesse Dia Mundial de Luta contra a Aids, o importante é realizar o teste, informar a população e lutar contra o preconceito e a discriminação", destaca coordenadora-adjunta.

São Paulo – Neste domingo (1º), Dia Mundial de Luta contra a Aids, a Secretaria de Saúde do estado de São Paulo, por meio do Centro de Referência e Treinamento Infecções Sexualmente Transmissíveis e Aids, lançou a 12ª edição da campanha Fique Sabendo. Em parceria com 640 municípios, a ação conta com o oferecimento de teste rápidos para a população e encaminhamento aos serviços de saúde para tratamento no caso das pessoas que forem diagnosticadas como soropositivas.

A expectativa dos organizadores é que a campanha consiga realizar cerca de 400 mil exames, que contemplem desde testes rápidos de HIV e sífilis a testes convencionais. De acordo com a secretaria de Saúde, a testagem é a porta de entrada nesta cadeia de cuidado contínuo de prevenção, diagnóstico, vinculação, tratamento, retenção e supressão viral do HIV, além de oportunizar o diagnóstico e tratamento da sífilis, uma doença muitas vezes silenciosa. A campanha vai até sábado (7), mas os serviços de saúde pública continuam a oferecer tratamento em suas unidades.

Coordenadora-adjunta do programa Infecções Sexualmente Transmissíveis e Aids (IST/Aids-SP), Maria Clara Gianna explica, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Cosmo Silva, da Rádio Brasil Atual, que a prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais para garantir uma melhor qualidade de vida. “Todas as pessoas que vivem com HIV, que recebem os medicamentos antirretrovirais, e que tenham sua carga viral indetectável, não vão transmitir o vírus por meio do contato sexual. Então isso é muito importante, muda a história da epidemia, porque ao mesmo tempo que as pessoas vivem melhor, as transmissões sexuais também serão menores. É muito importante que as pessoas façam o teste para a sua qualidade de vida e, ao mesmo tempo, para que a gente possa diminuir a transmissão do HIV no nosso estado e no país”, destaca.

Conservadorismo e preconceito como retrocessos

Ainda hoje, estima-se que cerca de 360 mil pessoas que vivem com HIV não acessam o tratamento eficaz. Ao todo, o Ministério da Saúde aponta que 866 mil brasileiros sejam soropositivos, destes, 500 mil são acompanhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para Maria Clara, a falta de informações, diagnóstico e as falhas nos serviços de saúde ainda distanciam parte da população do tratamento correto, mas também pesa nessa questão a carga de preconceito e discriminação sobre as doenças sexualmente transmissíveis.

Reportagem do Deutsche Welle lembra que as conquistas sociais quanto a prevenção, tratamento e combate à Aids estão xeque diante da redução no número de campanhas públicas de conscientização e do conservadorismo por parte dos governos. Segundo especialistas, houve um silenciamento e descaso por parte de gestões públicas e também das redes de ensino, com a ausência de aulas de educação sexual, além do fim da cooperação entre o Estado e as ONGs, que articulavam campanhas contra a Aids, além de uma crescente resistência ao uso de preservativos.

Diante desses retrocessos, o Brasil tem assistido a um aumento de infecções: foram 21% a mais em 2018, com relação à média dos últimos 10 anos. “Nesse Dia Mundial de Luta contra a Aids, o importante é realizar o teste, informar a população e lutar contra o preconceito e a discriminação”, ressalta a coordenadora.

Para saber onde fazer o teste, clique aqui.

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