além da resistência

Evento debate efetivação da saúde pública como direito social no Brasil

No 16º Congresso Paulista da Saúde Pública, especialistas debatem propostas para superar a crise do SUS

Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Objetivo do congresso é discutir, em conjunto, as principais questões relativas à efetivação da saúde como direito social dentro do atual contexto sociopolítico

São Paulo – Para compreender a crise do Sistema Único de Saúde (SUS) e desenvolver propostas para a saúde pública brasileira, o 16º Congresso Paulista da Saúde Pública começou nesta quinta-feira (28), na Universidade de São Paulo (USP). Com o tema central “Saúde em tempos de crise: para além da resistência!”, o evento vai até sábado (30).

O acesso à saúde por meio de um sistema unificado passou a ser um direito social com a Constituição Federal de 1988. Entre as regras estabelecidas está o atendimento sem preconceitos ou privilégios de qualquer gênero, mas na prática não é bem assim.

O objetivo do Congresso é discutir, em conjunto, as principais questões relativas à efetivação da saúde como direito social dentro do atual contexto sociopolítico. “Esse desmonte que vem ocorrendo nos direitos sociais conquistados vem causando um grande impacto na saúde da população. A gente percebe a falta de investimento na intervenção primária. Sem investimento na atenção básica a população adoece e usa o serviço de média”, explicou a psicóloga Shirlei Martin, em entrevista à repórter Dayane Ponte, da TVT.

O evento também abordou a dificuldade de acesso à saúde pública de alguns grupos. Agostinha, enfermeira e ativista, destacou o caso dos moradores de rua, quase sempre esquecidos pelo Estado. “Há grande dificuldade de acesso, na hora do atendimento eles lidam muito com a questão do julgamento de valores”, disse a enfermeira.

As mulheres na periferia também sofrem com a precarização. A coordenadora do Centro de Defesa e Convivência de Mulheres Rute Alonso explica que a crise no SUS tem piorado essa situação. “Sobrecarrega ainda mais essas mulheres, com dificuldade em pensar no cuidado de si e dos seus filhos. Ainda há as próprias modificações que a Lei Maria da Penha tem sofrido, nos últimos meses, em relação à saúde”, afirmou.

Durante o Congresso, especialistas concluíram que é impossível discutir saúde pública, sem considerar a violação de direitos da população mais pobre, como a falta de moradia e de alimentação. “Para o futuro, entendo que temos muitas lutas e a gente vai precisar se envolver nelas, porque pensar a nossa sociedade sem o SUS é pensar que a estratégia de genocídio, posta por esse governo, vai dar certo”, acrescentou Rute.

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT

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