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Entidades cobram da Anvisa nova rotulagem nutricional em alimentos industrializados

Idec e Unicef propõem a inclusão nas embalagens de alertas quanto ao teor dos nutrientes dos produtos. Pesquisa mostra que, sem essas informações, crianças ficam mais suscetíveis a consumir alimentos pouco saudáveis

Tânia Rego/EBC
Tânia Rego/EBC
Entidades defendem que novos rótulos informam população sobre uma alimentação mais saudável e proporciona melhores hábitos

São Paulo – O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgaram nesta segunda-feira (4) resultados de uma pesquisa inédita sobre a influência dos rótulos de alimentos ultra-processados nos hábitos alimentares de crianças brasileiras. Realizado em agosto, o estudo investigou quais são os alimentos e bebidas preferidos pelo público infantil de diferentes níveis socioeconômicos, e as estratégias de marketing que os estimulam a consumir esses produtos.

De acordo com a pesquisa, cores vibrantes e chamativas, destaques ao sabor, personagens estampadas nas embalagens e brindes no seu interior, estão entre os pontos que mais chamam a atenção das crianças. Ações que estão diretamente associadas às embalagens de sucos, refrigerantes, iogurtes, salgadinhos, bolos industrializados e biscoitos – opções apontadas pelo levantamento como preferências de lanche do público infantil e consideradas nada saudáveis.

Diante desse panorama, o Idec, com apoio da Unicef, propôs à Anvisa um novo rótulo nos produtos para alertar os consumidores quanto a hábitos alimentares em contraponto a essas práticas de marketing. A proposta prevê um triângulo preto na frente das embalagens desses produtos, com dizeres “alto em”, informando qual é o nutriente em excesso, como açúcares, gorduras etc.

“Para chamar muito a atenção do consumidor, que bate o olho e vê facilmente se naquele produto tem um triângulo, ou mais, com  algum nutriente em excesso na sua composição. Esse é um rótulo que já foi implementado no Chile, no Peru e no Uruguai e a gente já tem resultados no Chile, onde está há mais tempo, desde 2016, que mostram que de fato as pessoas estão se utilizando dos rótulos para fazerem compras mais saudáveis, mudaram hábitos de consumo por conta dele. O que estamos querendo é que isso também seja implementado no Brasil”, explica a nutricionista e pesquisadora de Alimentação Saudável do Idec, Laís Amaral, ao repórter Cosmo Silva, da Rádio Brasil Atual.

Em setembro, a Anvisa abriu um processo de consulta pública para que a população possa contribuir no debate sobre rotulagem nutricional. Desde então, o Idec e a Unicef, por meio da plataforma online Direito de Saber, abriram uma campanha para que as pessoas possam exigir do órgão uma rotulagem acerca das informações nutricionais dos alimentos. A consulta pública se encerra nesta quinta-feira (7). Você pode participar dela, clicando aqui.

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