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Já com déficit de leitos em hospitais, prefeitura do Rio suspende Programa de Atenção Domiciliar

Sem espaço nas unidades de saúde, cerca de 900 pacientes idosos e doentes crônicos estão sem receber atendimento em casa

TVT/reprodução
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Falta de atendimento, sobrecarga dos profissionais e desassistência da população: descaso faz saúde pública do Rio virar calamidade

São Paulo – Com déficit de mais de 1.000 leitos em hospitais, apenas na capital fluminense, a prefeitura do Rio de Janeiro suspendeu, nesta semana, o Programa de Atendimento Domiciliar ao Idoso (Padi). O sucateamento da saúde pública na cidade já foi denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

De acordo com a Defensoria Pública, a falta de material, de estrutura, de mão de obra qualificada, cortes no orçamento, são alguns dos motivos para o déficit de leitos. “Nós temos dois tipos de problemas: há um déficit de leitos físicos, que é agravado por conta do fechamento de leitos que operavam antes. Além disso, temos os leitos de enfermaria em geral, com alas inteiras nos hospitais que estão fechadas”, explica a defensora pública Thaisa Guerreiro.

O levantamento feito pela Defensoria Pública aponta que até três pessoas morrem por noite à espera de leito nas UTIs cariocas. Em dezembro de 2018, houve um aumento de mais de 40% na procura por vagas nessas unidades, comparado ao ano anterior. O tratamento cruel e degradante dado aos pacientes já foi denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

“A denúncia foi feita em 2018 e ainda não temos uma decisão da comissão. O paciente pode ficar numa sala de emergência até 24 horas, segundo as normas técnicas, e depois de período recebe alta ou é internado. Porém, essas pessoas ficam até uma semana na emergência por causa da falta de leitos”, diz Thaisa.

A situação tende a piorar, pois a prefeitura encerrou o contrato com o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde, (Iabas), responsável pelo Padi, prestava a visita de equipes multidisciplinares de saúde. Cerca de 900 pacientes estão sem atendimento, medicamentos e produtos básicos que recebiam através do programa. O Iabas é a mesma organização social que gerenciava cerca de 60 clínicas da família, na zona oeste da cidade.

Além disso, os profissionais dessas unidades de saúde estão sendo pressionados a assinar novos contratos com outra organização social, mas com salários 30% menores, sem direito à negociação ou garantia de continuidade nos empregos. “Eles impõem que você aceitar esse salário ou está fora. Com o atual desemprego, muitos preferem receber R$ 1.300 do que abrir mão do trabalho. Na clínica qual faço parte, reduziu de 32 agentes de saúde para 16 e não sabemos se todos irão continuar”, relatou um dos profissionais da organização.

O resultado é a falta de atendimento, sobrecarga dos profissionais remanescentes e desassistência da população. Para quem presta o atendimento primário, o risco é ainda maior. “Em 2017 para cá, 1.800 agente comunitário de saúde já foram demitidos. Com essa nova reformulação e um novo contrato assinado, haverá também demissões que podem chegar mais 400 agentes”, acrescenta o profissional.

O Padi funciona desde 2010 no Rio de Janeiro a um custo de aproximadamente R$ 900 mil por mês. Em média, três equipes multidisciplinares ficam nos hospitais municipais Miguel Couto, Salgado Filho, Lourenço Jorge, Pedro II e Francisco da Silva Teles. A prefeitura ainda não contratou nenhuma empresa para oferecer o serviço.

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT