Em São Paulo

Obra abandonada de posto de saúde na zona leste é retrato do descaso da gestão Covas

UPA inacabada em Cidade Tiradentes acumula lixo e insetos, torna a região mais insegura e obriga população a buscar atendimento longe de suas casas. Outras cinco unidades estão na mesma situação

TVT
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UPA da Cidade Tiradentes foi erguida com verba federal, na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad, em 2016, e deveria ser entregue no governo Doria-Covas

São Paulo – Conselheiros de saúde denunciam ao repórter Jô Miyagui, da TVT, o abandono de obras em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), em vários pontos da cidade de São Paulo. Sem atendimento médico, a população encontra esqueletos de obra, lixo e entulho. É o caso da UPA Cidade, em Cidade Tiradentes, na zona leste, onde moram cerca de 300 mil pessoas.

Inconformados, os moradores apontam lixo acumulado, vestígios de consumo de drogas, ratos, insetos e assaltos, por conta do descaso da estão dos prefeitos João Doria e Bruno Covas, ambos do PSDB, com espaço onde deveria funcionar a UPA. “É um abandono e descaso, tanto com a população quanto com dinheiro público. Isso é um prejuízo para o cofre público”, critica a conselheira de saúde Maria Auxiliadora Chaves da Silva.

Atualmente, seis das 15 unidades de saúde em construção na cidade estão abandonadas. A da Cidade Tiradentes foi iniciada com verba federal, na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), em 2016, e deveria ser entregue nos governos de Doria, que saiu antes do fim do mandato para se candidatar a governador, e Covas. Entretanto, desde a posse dos tucanos as obras foram paradas.

Apesar da reclamação dos moradores, eles não conseguiram nada. “Nós fizemos um documento, encaminhamos à Assembleia Legislativa de São Paulo para ver se tinham o bom senso de atender nossas demandas, mas não teve nada. Doria, enquanto era prefeito, disse que verificaria a situação e nunca mais apareceu”, conta a aposentada Eloína da Silva.

O Ministério da Saúde afirma que pagou três das quatro parcelas para esta obra, num total de R$ 3,6 milhões em recursos públicos e que a última parcela só será repassada quando a UPA estiver funcionando. A administração de Bruno Covas alega que a empresa responsável pela construção entrou em concordata e será preciso fazer nova licitação.

Enquanto isso, a população local sofre com a falta de equipamentos de saúde. “Eles deram um prazo de 120 dias, depois disseram que até o fim do ano e continua assim. Não falam nada, mas já faz quatro anos que estamos nessa situação”, disse à reportagem o conselheiro Geraldo Alves de Sá.

A vereadora Juliana Cardoso (PT) considera revoltante a situação das UPAs em São Paulo. Para ela, a demora para a finalização dos equipamentos públicos tem uma razão: as eleições de 2020. “É um absurdo você ter locais quase prontos e com dinheiro para finalizar. Essa gestão está guardando recursos para usar no período eleitoral. Então, o povo fica com o sufoco intenso da saúde pública na cidade. Nós já fomos ao Ministério Público denunciar essa situação, que é parecida também com a dos Centros Educacionais Unificados (CEUs).”

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT

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