mais 90 dias

Especialistas querem prorrogação de consulta pública sobre uso de glifosato

De acordo com pesquisadora, processo da Anvisa tem pouca transparência. Prazo para contribuições se encerra nesta quinta (6)

EBC
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OMS classifica glifosato como potencialmente cancerígeno para o ser humano e, comprovadamente cancerígeno, para animais mamíferos

São Paulo – Especialistas querem que a Consulta Pública 631, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que trata da manutenção do glifosato, seja prorrogada por 90 dias, por falta de transparência no processo da agência reguladora brasileira. O prazo para envio de contribuições se encerra nesta quinta-feira (6).

Segundo Larissa Mies Bombardi, professora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) e autora do Atlas de Agrotóxicos no Brasil, são diversos os motivos para a prorrogação do debate, como os novos produtos com o agrotóxico, liberados pelo presidente Jair Bolsonaro, e a falta de publicidade do relatório elaborado pela Anvisa.

“Esse pedido se dá por alguns motivos, entre eles, o governo autorizar novos produtos à base de glifosato. Como o presidente Bolsonaro faz isso enquanto há um questionamento sobre o agrotóxico. Além disso a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o glifosato como potencialmente cancerígeno para o ser humano e, comprovadamente cancerígeno, para animais mamíferos”, explica à Rádio Brasil Atual.

O pedido de prorrogação foi enviado pelo  subprocurador-geral  do Ministério Público do Trabalho (MPT) Pedro Luiz Serafim e pelo Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos. Eles ainda alegam que a consulta pública possui pouca transparência por parte da Anvisa. “O relatório técnico apresentado por eles não publicou por completo e, ao invés de fazer em parceria com as universidades públicas, foi feito com apenas um pesquisador autônomo. Tem pouca transparência”, afirma Larissa.

De acordo com a pesquisadora, a agência, de maneira equivocada, se pauta nas agências reguladoras da União Europeia e dos Estados Unidos, para se amparar no argumento de que não é cancerígeno. “Há uma fricção mundial entre os interesses das empresas, que atuam com lobbies nas agências reguladoras internacionais, com quem defende a saúde humana. Essa potência carcinogênica do glifosato é tão verdadeira que, nos Estados Unidos, há três processos milionários em que a Monsanto foi condenada a pagar milhões de dólares em indenizações para pessoas que lidavam com o glifosato.”

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