Saúde pública

Ácido para fluoretação de água da Baixada Santista tem substâncias químicas cancerígenas

Ácido fluossilícico, utilizado como matéria-prima para fluoretação de água da Baixada Santista, apresenta metais pesados tóxicos e cancerígenos, como arsênio, alumínio e mercúrio

Divulgação/SETUR
Divulgação/SETUR
Autores do estudo dizem que os contaminantes encontrados no ácido fluossilícico estão em desacordo com os valores permitidos, e destacam não existir nível seguro quando se trata de substância cancerígena

São Paulo – Conhecida como a “fonte da vida”, a água pode estar sendo a origem de graves doenças para muitas pessoas. Estudo realizado pelo cirurgião-dentista Ciro Capitani dos Santos, sob orientação da professora doutora Flávia Gonçalves, revela a presença de contaminantes no ácido fluossilícico (flúor) usado na fluoretação da água de abastecimento público da Baixada Santista. De acordo com a pesquisa, foram encontrados metais pesados tóxicos e cancerígenos em sua composição que estão em desacordo com os valores permitidos pela American Water Works Association –  a Agência Americana de Água.

O trabalho científico foi apresentado na tarde desta segunda-feira (3), no Simpósio Santos Sustentável, durante palestra intitulada “Saneamento Ambiental: Água, Esgoto e Resíduos Sólidos”.

Segundo o químico e engenheiro industrial Élio Lopes, diretor-técnico adjunto do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP) e coorientador da pesquisa, o uso do ácido fluossilícico (flúor) na água que abastece as populações é um tema de interesse mundial, considerando que a substância é um subproduto da indústria de fertilizantes.

Apesar da relevância, ele diz que ainda faltam estudos aprofundados sobre o tema. Élio Lopes explica que, na Baixada Santista, o ácido fluossilícico (flúor) passou a ser usado na água quando se estabeleceu um plano de controle ambiental para diminuir a poluição de Cubatão, que nos anos de 1980 chegou a ser considerada a cidade mais poluída do mundo.

A pesquisa teve como objetivo verificar as substâncias que compõem o ácido fluossilícico (flúor). “Ele (ácido fluossilícico) traz uma série de metais pesados, alguns tóxicos, como é o caso do arsênio, cádmio, alumínio e mercúrio. Inclusive, o arsênio é altamente cancerígeno”, afirma o químico, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.

Ciro Capitani dos Santos, autor do estudo, explica que as empresas de fertilizantes não controlam a qualidade das substâncias que compõem o ácido fluossilícico (flúor). Ele pondera que grande parte dos contaminantes encontrados estão em desacordo com os padrões máximos permitidos, porém, quando adicionados na água, acabam sofrendo uma diluição, conferindo então a água de abastecimento público, concentrações dentro dos padrões. Mesmo assim, o perigo é latente, pois quando se tratam de substâncias cancerígenas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), não existirem valores seguros. “Eles são cumulativos no corpo humano, então, ao longo do tempo, acabam causando um risco à saúde pública.”

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