Desmonte

‘Há um consenso de que esse processo está errado’, diz enfermeira do Samu

Desde fevereiro, gestão Covas fechou as bases do Samu e colocou profissionais e ambulâncias em locais que, segundo os trabalhadores, não há condições para o serviço de urgência e emergência

EDUARDO KNAPP/FOLHAPRESS

Enfermeira Andreia Cristina diz que mudança feita pela gestão Covas prejudica o atendimento da população

São Paulo – A prefeitura de São Paulo iniciou hoje (30) vistorias nos locais para onde foram transferidos os postos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Em fevereiro, o prefeito Bruno Covas (PSDB) fechou as 31 bases usadas até então pelos profissionais. Com o fechamento, as ambulâncias e equipes foram espalhadas por 78 postos de assistência, hospitais municipais, Unidades Básicas de Saúde (UBS), Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) e até Centros de Assistência Psicossocial (Caps), medida que tem sido fortemente criticada pelos trabalhadores do serviço por não apresentar as condições necessárias.

“Há um consenso na ideia de que esse processo está errado”, afirma Andreia Cristina Quinto,  enfermeira do Samu, em entrevista à repórter Ana Rosa Carrara, da Rádio Brasil Atual. Para Andreia, além de precarizar as condições de trabalho dos profissionais, a mudança também dificulta o atendimento à população, pois muitos locais não estão preparados para essa prontidão.

“Estão entrando num processo de privatização do Samu, que é um serviço essencial. ‘Estar a postos’ inclui não só o funcionário estar preparado para a urgência e emergência, como o local onde ele está, onde a ambulância está colocada, também estar preparada para isto”, explica. Ela acredita que as vistorias vão possibilitar a elaboração de documentos legais que comprovem a queda nas condições de trabalho dos profissionais do Samu.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias de São Paulo (Sindsep), Sérgio Antiqueira, a prefeitura colocou os profissionais em “salinhas”, em locais sem banheiro. E as ambulâncias ficam estacionadas em locais de difícil acesso, por vezes sem espaço para lavagem do veículo.

“O governo esse período todo trabalhou as coisas como se fossem problemas pontuais, transitórios. E não, são problemas estruturais. Ele desmontou 31 bases modulares, que tinham problemas menores do que os criados agora. Tudo isso para dizer que iria ampliar o atendimento, mas as ambulâncias são as mesmas e as equipes são praticamente as mesmas”, afirma o dirigente.

Os trabalhadores do Samu mantêm a mobilização iniciada em 30 de março para denunciar os prejuízos decorrentes da mudança. Antiqueira diz que o movimento continua, mas descartou qualquer tipo de paralisação, considerando que a prefeitura aceitou vistoriar os locais nos termos propostos pelos trabalhadores, que inclui critérios e uma metodologia com referência aos protocolos de atendimento.

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