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Contra desmonte, trabalhadores do Samu param por 48 horas

Funcionários não pedem aumento salarial. Eles querem que a prefeitura de São Paulo não feche unidades e exigem condições mínimas de trabalho para atender a população

divulgação/sindsep

Os trabalhadores denunciam que a prefeitura está intransigente na negociação, que tratam os problemas nas unidades como pontuais

São Paulo – Os trabalhadores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em São Paulo entram em greve nesta terça (9), a partir das 7h, por 48 horas. A decisão reflete o desmonte desse setor essencial, que passa por fechamento de bases, divisões de equipes e falta de estruturas básicas, como de higiene das unidades. Os problemas foram intensificados pela Portaria 190, assinada pelo prefeito Bruno Covas (PSDB).

“Essa manifestação é de repúdio à proposta que o governo apresenta de desmonte do Samu, e também à proposta que ele apresenta para negociar com o movimento de paralisação. Vai continuar com problemas, trabalhadores sem locais adequados para descanso, para higienização pessoal, locais sem banheiros, sem lugares para higienizar ambulâncias, é um risco enorme”, explicou o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), Sérgio Antiqueira.

Os trabalhadores denunciam que a prefeitura está intransigente na negociação, que trata os problemas nas unidades como pontuais, não dá a devida importância, e coloca obstáculos para frear a reivindicação básica dos socorristas, que é a queda da Portaria. “Parece que está confortável para o Covas. Podem colocar pessoas no nosso caminho, mas ele que decidirá. Temos que incomodar o prefeito”, disse o vice-presidente do Sindsep, João Gabriel Buonavita.

Hoje (8), os trabalhadores realizaram assembleia extraordinária, justificada no estado de greve, para confirmar o movimento. Durante a manhã, a prefeitura chamou representantes das categorias interessadas para a apresentação de uma proposta, que foi negada. Para os trabalhadores, a proposta da prefeitura foi temporária, não reviu o desmonte, e tratou os problemas estruturais do Samu como “individuais”, palavra presente no próprio texto do Executivo. Como se trata de serviço essencial, a paralisação será parcial.

Durante a assembleia, Buonavita argumentou que o estado de vigilância da sociedade em defesa de direitos essenciais deve ser constante. “Estamos vivendo os primeiros sintomas da PEC do Teto (a Emenda Constitucional 95, de Michel Temer, que impõe um limite de gastos e investimentos em áreas essenciais, como saúde e educação). Estão tentando cortar no Samu e, senão conseguirem, vão cortar nos hospitais públicos. Querem desmontar a saúde pública, vemos o aumento dos casos de tuberculose, sarampo, como consequência.”

A orientação para a mobilização de amanhã é para que enfermeiros, motoristas e os demais profissionais do Samu, não compareçam em suas unidades, mas sim em locais públicos para chamar a atenção da sociedade. Está programada para as 10h uma reunião de orientação para os trabalhadores, no centro da capital. Ali, será também preenchido um ponto paralelo. Há possibilidade de atos diante da Câmara Municipal, entre outras atividades, especialmente em unidades fechadas por determinação da portaria – 31 no total.

“A base da Marechal Tito e da Curuçá foram fechadas e está agora com escolas de samba das regiões. Já até pintaram de amarelo”, disse o motorista Márcio Coutinho, ao sugerir os locais para encontro dos trabalhadores.

Para Antiqueira, este momento é essencial para garantir o bom funcionamento do Samu. “Tivemos uma reunião na sexta-feira (5) com o governo. Ela foi interessante porque pressionou. Vamos insistir na suspensão, neste momento é importante desmascarar o desmonte. Queremos a suspensão dessa Portaria. O governo disse que ela foi negociada, mas isso é um absurdo. Agora podemos dizer que começaram as negociações, e existe uma preocupação da parte deles, isso já conseguimos atingir”, disse.

 

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