Soberania alimentar

‘Entre Vistas’ de hoje debate o uso de agrotóxicos no Brasil e os riscos à saúde

Pesquisadora Larissa Bombardi é a convidada do programa da TVT, que vai ao ar a partir das 22h. 'Morremos pela boca', diz a geógrafa

Divulgação

Larissa destaca que o Brasil permite resíduos do agrotóxico malationa em quantidade 400 vezes maior do que na Europa

São Paulo — O intenso uso de agrotóxicos no Brasil é o tema do programa Entre Vistas desta quinta-feira (7), com a geógrafa Larissa Mies Bombardi, pesquisadora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) e autora do Atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União EuropeiaApresentado pelo jornalista Juca Kfouri, o Entre Vistas vai ao ar a partir das 22h e pode ser visto pelo canal do Youtube da TVT.  

Lembrando o dito popular de que o “homem morre pela boca”, Juca Kfouri inicia o programa perguntando se, atualmente, as pessoas morrem mais pelo tabagismo ou pelos alimentos que consomem. 

“Não tenho dúvida de que é pelo o que a gente come, porque o Brasil é extremamente permissivo nos resíduos de agrotóxicos permitidos nos alimentos e na água potável”, afirma a pesquisadora. 

Como exemplos, ela explica que o Brasil permite resíduos do agrotóxico malationa no feijão, um produto básico na alimentação do brasileiro, em quantidade 400 vezes maior do que o permitido na União Europeia; assim como libera a existência de resíduos de glifosato na soja, o agrotóxico mais utilizado no país, em quantidade 200 vezes superior ao aceito na União Europeia. 

“Isso significa que se uma criança de 20 quilos ingerir 100 gramas de soja por dia, ela terá extrapolado em 20% aquilo que seu peso corporal poderia tolerar de glifosato”, destaca Larissa. A pesquisadora também afirma que no caso da água potável, o Brasil permite um resíduo de glifosato em quantidade cinco mil vezes maior do que o aceito na Europa. 

“Então é isso, morremos pela boca”, diz ela, lembrando a seguir frase do escritor uruguaio Eduardo Galeano, que no livro clássico As veias abertas da América Latina disse que “a soberania começa pela boca”. 

“Entendo que isso é uma inspiração para pensarmos o modelo de sociedade que queremos. Não dá para discutir agrotóxico e a saúde humana sem pensar na questão agrária brasileira. A soberania começar pela boca é entender como a nossa agricultura está organizada. Se somarmos as áreas de soja, cana e eucalipto no Brasil, temos o equivalente ao tamanho de cinco vezes e meia ao de Portugal. Então que projeto de nação é esse?”, questiona Larissa. 

Também participam do programa Yamila Goldfarb, da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos, e João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

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